domingo, 18 de novembro de 2012

Respirar debaixo de crise - por Ricardo Vargas*


A palavra crise gera em quem a ouve uma imagem mental negativa. Mas a realidade não é assim tão simples. A crise pode ser benéfica para algumas empresas e fatal para outras. Como sempre acontece em momentos difíceis, as empresas melhor preparadas vão sair fortalecidas da crise actual, enquanto as empresas pior preparadas talvez não sobrevivam a ela.

O grau de resistência de uma empresa depende muito da sua condição financeira, mas esta resulta de um conjunto de decisões de gestão tomadas no passado. Do ponto de vista da gestão, a crise traduz-se em menor margem para cometer erros. Numa crise temos menos pessoas, menos tempo e menos dinheiro para recuperar de más decisões.

Nestes momentos, tudo o que se faz é crítico, não só pelos resultados das acções mas também pelo que elas comunicam. Qualquer colaborador da empresa espera do seu líder uma indicação clara sobre qual é a situação real da empresa, qual é a estratégia para atravessar a crise, como é que a sua vida será afectada, o que vai mudar e o que vai permanecer na mesma.

A confiança é indispensável para ultrapassar momentos difíceis. Os colaboradores precisam de confiar que a gestão é capaz de gerar respostas à altura da situação. E a resposta àquelas questões permite decidir qual o grau de confiança que lhe será atribuído.

Liderar é uma responsabilidade e a crise é um teste à capacidade de liderança. Todos esperam que quem gere assuma a sua responsabilidade de mostrar uma direcção para sair do buraco. Definir uma estratégia e comunicá-la, mesmo que tenha de ser ajustada várias vezes para reagir aos acontecimentos, é melhor do que a ausência de informação. Mesmo que seja uma estratégia dolorosa é melhor do que a ausência de informação.

Qualquer comunicação que o líder transmita será rapidamente amplificada por toda a empresa. Qualquer silêncio que mantenha será interpretado e distorcido até se tornar ensurdecedor. É preferível influenciar o que os colaboradores pensam com palavras do que com silêncio.

Por isso, partilhar informação sobre a situação da empresa é fundamental, mas sem apresentar dados em bruto. Mostre como interpreta os indicadores e como os integra na estratégia. Faça o trabalho de casa na preparação da comunicação. Depois envolva os colaboradores na geração de soluções. Pode ser que se surpreenda positivamente com a qualidade das ideias e o empenhamento da equipa.

Se exercer a gestão da equipa com equidade no tratamento entre pessoas é normalmente importante, em situação de crise é crucial. Qualquer perda de confiança na relação pode ter efeitos devastadores. Tenha critérios claros e conhecidos por todos para as suas decisões. Seja justo e explique-as. Dê o exemplo dos comportamentos que deseja ver nos seus colaboradores. Não beneficie pessoas preferidas em detrimento de bons profissionais.

Mas não são só os colaboradores que precisam de confiar na gestão. A gestão também precisa de confiar que os colaboradores são capazes de implementar a estratégia adequada com competência e flexibilidade. E as chefias intermédias precisam de confiar que quem está acima e abaixo não impossibilita o equilíbrio entre os objectivos e a capacidade real das equipas.

A confiança é um elemento indispensável na implementação de uma estratégia empresarial. É um fio condutor de ideias e intenções que permite preencher os défices de informação com a crença mútua de que juntos seremos capazes de superar as circunstâncias negativas.

A confiança é o oxigénio da estratégia. Sem ela nenhuma empresa respira debaixo de crise.

Cativar os clientes com um efeito ‘A-mazing’


A qualidade e originalidade “estão sempre presentes” nos seus produtos, mas é a “criatividade e inovação” o que verdadeiramente motiva a equipa da A-mazing, uma empresa totalmente nacional que comercializa e distribuí “produtos inovadores” de entretenimento e lazer.

Surgida da vontade de criar um negócio próprio, mas ao mesmo tempo “associado à criação e desenvolvimento de uma marca portuguesa”, o projeto nasce com o objetivo de “trazer para junto do grande público produtos que fossem considerados únicos, diferentes e originais, de forma a captar nos clientes um efeito surpresa, no fundo um efeito ‘A-mazing’”, começa por dizer João Pires, fundador da empresa.

Desde o seu aparecimento, em 2010, a A-mazing assume como missão “diversificar a oferta de artigos únicos e inovadores” em Portugal. “Percebemos que devíamos apostar no desenvolvimento da t-shirt LED A-mazing”, uma t-shirt única, que reage ao som, fazendo acender o painel LED sempre que exista algum som (voz, música, ruído). Para além desta t-shirt interativa, disponível numa “enorme variedade de modelos para todos os gostos, a marca avançou também com a produção de relógios de marca própria com características diferentes dos existentes no mercado”, acrescenta João Pires.

Questionado acerca do impacto da atual situação económica nacional na empresa, o empreendedor admite que a “crise é sempre um factor desmotivador” quando se pensa na criação de um negócio, mas é também “uma oportunidade”, porque acredita que este “é o momento para realmente apostarmos naquilo que acreditamos e não baixar os braços”. Por isso, João Pires é da opinião que a crise “pode ser vista como o factor mobilizador para o empreendedorismo”.

Ainda assim, nem tudo na criação do seu próprio negócio é “um mar de rosas”. O fundador da A-mazing indica que a maior dificuldade sentida na criação do negócio foi a obtenção do financiamento inicial. Porque as “boas ideias nem sempre dão bons negócios” e “quem financia os negócios tem uma visão a longo prazo”, o empreendedor teve de recorrer a capitais próprios para arrancar com a empresa. “O que acontece é que tem que se testar a ideia para ela resultar para somente depois conseguir ter alguma capacidade negocial com a banca”. Contudo, a oportunidade sentida no início acabou por ser o “preço acessível”, porque “numa altura de menor poder de compra, os clientes procuram cada vez mais produtos que sejam atractivos e de qualidade mas ao mesmo tempo o preço terá que ser facilitador da compra”, salienta João Pires.

Para já, a recetividade “tem sido excelente e cada vez maior” resultado do “aumento de notoriedade da marca e dos seus produtos”, da localização privilegiada em grandes superfícies, “desde o início do negócio”, assim como da “presença em pontos de venda nos grandes festivais de Verão, bem junto do nosso cliente alvo”. “Tentamos estar sempre a inovar com a introdução de novos modelos e coleções de forma aos nossos clientes procuram sempre mais novidades”, frisa o responsável.

Não colocando de parte a abertura de uma mega-store onde possam apresentar cada vez mais novidades, o empreendedor admite que conceito da A-mazing resulta de uma forma mais apelativa no formato de quiosques, tais como os existentes em Lisboa, no Centro Comercial Colombo e no Norte, no Centro Comercial Gaia Shopping. Previsto para o próximo mês de Outubro está já a abertura de um novo ponto de venda no Centro Comercial Norte Shopping.


A-mazing assina parceria com S.L.Benfica

Prova do sucesso dos seus inovadores produtos, a A-mazing assinou recentemente um contrato com o S.L.Benfica onde adquiriu os direitos de merchandising para produção de t-shirts LED oficiais do clube. Avaliado em cerca de 75 mil euros, este será “um investimento considerável”, tanto a nivel de royalties como de produção e distribuição”, mas a empresa mostra-se “orgulhosa de ser portuguesa a criar um produto único e ainda não existente em qualquer clube mundial”, afirma.

Entretanto, e depois de consolidada a marca em Portugal, João Pires aposta já na internacionalização. “É importante a qualquer marca não limitar o seu mercado nem o seu crescimento. Os mercados que estamos de momento a avançar com algumas parcerias são o mercado brasileiro e angolano”, remata.

Altronix virada para os mercados externos


No mercado desde 1995, a Altronix dedica-se à distribuição, comercialização e suporte de soluções profissionais na área da identificação, codificação e mobilidade. Segundo o diretor executivo da empresa, este projeto surgiu com a necessidade de colmatar um nicho de mercado na área de distribuição e comercialização de soluções profissionais na área da identificação e codificação.

“Com o decorrer do tempo e com a implementação de novas tecnologias, a nossa área tem-se desenvolvido e expandido, permitindo-nos alcançar diferentes tipos e dimensões de clientes, desde as micro/médias empresas até às multinacionais”, revela Rui Fonseca.

Outras das prioridades são os mercados externos. “A Altronix tem desde sempre investido e estado presente de forma relevante no mercado africano, nomeadamente em países como Angola e Moçambique”, adianta o diretor. Acrescentando que desde 2004, o aumenta da faturação para Espanha tem sido muito relevante.

Com 15 colaboradores distribuídos entre a sede na Trofa e os escritórios em Lisboa, Rui fonseca considera que o desempenho da empresa este ano tem sido muito bom. “Para este crescimento tem contribuído a fabricação de novos produtos e a entrada de novas matérias-primas. Também a exportação para Angola tem contribuído para o aumento das vendas”, revela.

Segundo o entrevistado, a rapidez de resposta, bem com os preços cada vez mais competitivos têm sido alguns dos fatores que diferenciam a empresa da concorrência.

Mas quais as principais dificuldades sentidas no arranque da empresa? “A comum dificuldade de qualquer empresa que entra no mercado. A capacidade de afirmação em clientes mais importantes é bastante difícil. Também o facto de só com o passar dos anos é conseguido a meta de ter excelência dentro de portas em termos de bons profissionais é também um caminho sinuoso”, afirma.

Vencedores do Prémio Empreender 2012 na categorio de Processos, o responsável pela Altronix acredita que o empreendedorismo pode fazer diminuir o desemprego. Contudo ressalva que isto só pode acontecer se forem dados os devidos apoios. “Estes não deverão ser só na componente financeira, mas sobretudo apoios ao nível da informação, formação e qualificação dos recursos humanos, em incentivos fiscais, apoios à contratação, entre outros”.


“Empreendedor deve munir-se da máxima informação”

 

Vida Económica - Que conselhos poderá dar aos jovens empreendedores?

Rui Fonseca - Para se iniciar um projeto próprio o potencial empreendedor deverá em primeiro lugar fazer um estudo de mercado do setor de atividade onde pretende operar, detetar as oportunidades que este proporciona, quais as dificuldades e ameaças que se verificam no mesmo. Desta forma, poderá minorar os riscos inerentes ao investimento.

Um dos fatores de maior competitividade é equacionar possíveis parcerias estratégicas, com empresas do mesmo setor ou até de setores complementares.

Em segundo lugar, deverá estabelecer um plano estratégico bem definido, com a elaboração de um plano de negócios que deverá contemplar uma análise económica e financeira: qual o investimento a realizar, como será financiado, quais as perspetivas de retorno do investimento e a taxa de rentabilidade. O empreendedor deve munir-se de máxima informação e deverá ter capacidade de liderança e tomada de decisão. O negócio deve sempre ser gerido com o máximo rigor, sobretudo com controlo de todas as variáveis de gestão.

Determinação, coragem e espirito de criatividade devem estar sempre presente na gestão do seu negócio. Também o empreendedor não deve ficar unicamente preso a um possível investimento.