quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Análise António Vale - "PicLine é um exemplo de reinvenção e inovação numa actividade tradicional"


A iniciativa privada é um dos principais motores da economia pelo que deve ser incentivada e acarinhada por todos. Os sócios da empresa em análise são um exemplo de capacidade de resolução dos seus próprios problemas de emprego, não esperando que a sociedade os substitua nessa responsabilidade que a cada um de nós diz respeito.
A Pacline é o exemplo da reinvenção e inovação de uma actividade tradicional e da passagem para um estágio diferente do sector têxtil e vestuário. De facto, iniciou a sua actividade dando valor acrescentado ao produto através do design e dos materiais empregues, não se limitando a ser uma simples e condenada subcontratada de grandes cadeias e marcas internacionais. Por outro lado, definiu com clareza as actividades que deveriam estar concentradas na empresa (design e corte) subcontratando as que acrescentam pouco valor ao produto final. Dessa forma, conseguiu criar uma unidade empresarial ágil e flexível, assente numa estrutura de custos fixos reduzida e adaptada ás flutuações do mercado.
O passo inicial na estruturação do negócio permitiu á Pacline ganhar espaço no mercado, a confiança dos seus clientes e a sua fidelização. Ao focalizar a sua atenção nas necessidades do cliente estabeleceu com o mercado uma relação de parceria, bem mais importante do que uma fria ligação fornecedor/cliente. Em simultâneo apraz-me verificar a constante atenção á concorrência avaliando a evolução e tendências do mercado, permitindo-lhe assim estar permanentemente “na onda”.
Entendo que a fase inicial do negocio baseada no desenvolvimento de produtos para Private Label foi, e continua a ser, fundamental para o lançamento da marca, uma vez que a atenção ao mercado dos seus clientes lhe permitiu recolher muita informação sobre o futuro mercado da sua própria marca.
A criação de uma marca própria é sempre um passo que deve ser bem medido uma vez que o mercado está inundado de oferta de marcas incaracterísticas e sem identidade. No caso em apreço, a definição clara do mercado alvo permite o desenvolvimento de colecções desenvolvidas e ajustadas a esse mercado e, acima de tudo, a criação de um conceito que atribui identidade á marca. Este sim, é um factor diferenciador e deveras importante na criação de uma marca.
Importa também salientar a preocupação em não incrementar a estrutura fixa da empresa, mantendo toda a sua flexibilidade inicial. A aposta numa rede comercial baseada em agentes, apesar de arriscada do ponto de vista de fidelização dos mesmos, permite manter uma estrutura fundamentalmente assente em custos variáveis. Assim, e para alem da flexibilidade, a empresa ganha na facilidade com que pode efectuar a análise do custo do produto, ajustando-o mais facilmente ao mercado. Por outro lado, a perspectiva de alargamento de mercado através da internacionalização é uma forma de reduzir o risco que uma concentração exagerada no mercado português pode representar. De facto, o comércio tradicional já passou dias melhores, e a exagerada concentração em centros comerciais apenas protege as grandes cadeias e estrangula os pequenos comerciantes, diminuindo fortemente a possibilidade de sucesso de projectos idênticos á Pacline.
Como grande recomendação sugiro que a empresa realize uma reflexão estratégica para o futuro, para um horizonte de 4 a 5 anos, e pense na elaboração de um plano escrito contendo objectivos, acções e meios necessários para que aqueles possam ser atingidos, servindo este como o principal documento de orientação da actividade da empresa nos próximos anos. Seguramente que os resultados serão ainda melhores do que aqueles que foram já alcançados.


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