quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Análise Prof. Carlos Navaza - “Estamos perante uma empresa que tem uma ideia de competitividade determinada”


Ser empreendedor sempre foi uma tarefa difícil, que implica risco, factor que se contrapõe a um dos aspectos básicos que orienta as pessoas, a segurança.
Obviamente, sem pessoas capazes de assumir este risco de empreender, a sociedade não podia evoluir e continuaríamos na pré-história. Por isso, devemos agradecer a existência de pessoas empreendedoras e mais, devemos ajudá-las, o que muitas vezes se apregoa mas que raramente tem conotações práticas.
Além disso, em épocas de crise como a actual, é quando é necessário mais empreendedores e, consequentemente, se devem dar mais ajudas aos mesmos.
Tenho grande satisfação ao ter um caso de empreendedorismo com êxito como o que reflecte a Hicislab, uma empresa com 11 anos de vida que alcançou uma estabilidade empresarial notável e com perspectivas de continuar. Sendo que, no ano passado, apesar da envolvente económica ser desfavorável, teve um crescimento de 27%.
Cingindo-me aos aspectos estratégicos apresentados no relato da empresa, agrada-me que a presidente do conselho de administração, Maria Alice Azevedo, destaque o serviço ao cliente como a sua forte aposta competitiva. Sempre que tenho oportunidade de falar com algum empreendedor ou com possíveis candidatos aconselho-os a perguntarem a si próprios: “Porquê que os clientes me vão comprar e não vão a um concorrente que oferece o mesmo produto ou serviço?”. A resposta a esta pergunta é a chave da subsistência de uma empresa. Portanto, uma resposta clara como a da Hicislab é um sinal de qualidade empresarial.
A presidente reflecte ainda a importância que a empresa dá aos colaboradores, aspecto que é digno de se destacar, não só pelo seu valor de responsabilidade social, mas pela coerência no aspecto do serviço ao cliente assinalado, pois não devemos esquecer que são os colaboradores os que têm de pôr em prática na sua relação com o cliente, o valor que a empresa quer dar. Esta coerência também reflecte a relação que se quer ter de estabilidade e de duração com os clientes e que afecta tanto os colaboradores como os administradores. Esta coerência seria ainda mais plena se os aspectos anteriores se traduzissem em objectivos quantitativos no seu plano estratégico e no seu plano operativo, espero e desejo que assim seja.
Portanto, estamos perante um exemplo de uma empresa que tem uma ideia de competitividade determinada e estabelece os objectivos, as politicas e as acções adequadas à ideia citada, coerência que é básica para o êxito empresarial.
Não obstante, há aspectos sobre os quais gostaria de prevenir a Hicislab, e consequentemente empresas ou empreendedores semelhantes, a profissionalização e a inovação.
As empresas criadas por profissionais de uma determinada área, neste caso profissionais de análises clínicas, têm o inconveniente principal de não funcionar como um negócio. É preciso diferenciar produto e negócio e como tal, administrar ambos sem interferências. Os grandes profissionais do produto não são pessoas do negócio e portanto há que saber aceitar as suas limitações e rodear-se de profissionais do negócio ou de empresa. Outro aspecto importante é a inovação. Este tipo de empresas nascem porque conseguiram inovar. O risco é a vantagem da inovação, mas como qualquer outra, é preciso mantê-la. Não é suficiente tê-la no presente, mas fazer a sua gestão e melhorá-la, no que a maior parte dos casos implica além disso, uma dotação relevante dos recursos económicos.
De lembrar que em estratégia é preciso correr sempre mais que os concorrentes, pois eles correm com o objectivo de nos alcançar. A Hicislab está no bom caminho estratégico para se consolidar como uma empresa importante. Somente uma última recomendação: crescer e consolidar-se exige cada vez mais centrar-se no relevante, e reconhecer o que permitiu chegar aqui. Se continuar assim, em breve voltaremos a ver a Hicislab como um caso de sucesso.

Carlos López Navaza


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