Num sistema complexo, com múltiplos
níveis de variáveis, macro e micro tendências contraditórias, qualquer
ocorrência pode ser explicada. Há sempre uma linha de raciocínio que permite ligar os pontos que antes pareciam
aleatórios numa "evidente"linha explicativa. Toda a gente sabe os
números certos do Euromilhões no dia seguinte. Mas a quantidade de dados
produzida a cada momento é tão avassaladora que, para podermos processá-la
temos de fazer escolhas: eliminar, reduzir, simplificar, conformar a padrões e
interpretar. E algures, durante o processo, algo se escapa, algo
insignificante, m as que pode mais à frente surpreender-nos com a negação completa
de tudo o que achávamos que sabíamos a: realidade. Quando analisamos os dados
económicos num dado momento, contabilizamos inflação, taxas de juro,
indicadores de confiança, produtividade, desemprego clima económico,
crescimento, etc., etc. No seu conjunto, neste momento, esses dados parecem consolidara
ideia de que é avisado esperar por melhores condições para agir, para investir,
para arriscar.
Em si esta noção não tem nada de
errado. É uma ilação perfeitamente racional em cima de factos analisados até à
náusea. O único detalhe é ser habitualmente feita pelas mesmas pessoas e com os
mesmos instrumentos de análise que há pouquíssimo tempo nos disseram:
"Ponham todo o vosso dinheiro no subpríme e fiquem ricos." Portanto,
ou os instrumentos e conceitos são imperfeitos e as suas conclusões não podem
ser fiáveis, ou estes" cientistas" erram de forma tão grosseira que
se os médicos errassem assim a espécie humana já estaria extinta.
A verdade é que as condições ideais
não existem. São um mito. Há perigos e oportunidades em qualquer situação.
O mercado tem sempre lugar para boas
ideias e bons profissionais que as executem, produtos e serviços inovadores ou
simplesmente que satisfaçam melhor ou mais barato as necessidades que os
clientes têm, mesmo que não saibam que as têm.
Esta é a diferença entre o surf-surf-
o que é feito no mar - e o management-surf- o que é feito por empreendedores
que procuram aproveitar as oportunidades do mercado com as suas empresas.
No surf-surf é preciso remar em cima
da prancha para passar a rebentação posicionar-se no local certo e esperar pela
melhor onda para surfar. A melhor onda é um conceito relativo, que depende
das condições atmosféricas do estado
do mar, da disposição do surfista e em grande medida do seu nível de
competência na modalidade.
Paradoxalmente, mantendo todos os
outros factores sob controlo, poderíamos ate dizer que quanto melhor for o
surfista, mais tempo espera dentro de água. A ideia é simples: qualquer onda
média chega e sobra para as
habilidades de um surfista medíocre,
enquanto um bom atleta pode esperar por uma onda digna de uma boa exibição.
No management-surf se esperarmos que a
onda do mercado tenha adquirido uma dimensão razoável de certeza que já há uma
série de empreendedores que estão a aproveitá-la, reduzindo drasticamente a
possibilidade de entrada de novos surfistas. Neste caso, paradoxalmente,
esperar pela onda é perdera possibilidade de a aproveitar.
Os resultados são criados pelas nossas
acções não o contrário. O surf é aqui e agora. Vamos criar a onda para poder
surfa - la.
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