Em
tudo o que respeita ao ensino e treino de atitudes e comportamentos
empreendedoras, pais, professores, treinadores, gestores de empresas, políticos,
etc., cada um dentro do seu âmbito de responsabilidade, revelam uma preocupante
falta de preparação. Falham, quase sempre, em aspetos decisivos de um processo
que lhes exige bem mais que aquilo para que estão preparados para corresponder.
Avaliam
e comparam de forma extemporânea, fomentam o medo de errar, condicionam uma
fundamental disponibilidade para arriscar. Desresponsabilizam, eliminando
gradualmente o amor à prática e a curiosidade e criatividade que as crianças e
jovens revelam naturalmente. Esquecem que os hábitos de excelência ao nível do
empreendedorismo, ou se adquirem até aos 16 anos, ou será sempre muito mais
difícil que, a partir dessa idade, venham a ser adquiridos de forma a poderem
atingir níveis de excelência. Avaliam desempenhos, dão notas, comparam
resultados, aprovam e reprovam, classificam (de forma quase sempre absolutamente
precipitada e injusta) e apressam-se a selecionar os que designam como «bons» e
preterem os ditos «maus».
Tudo
isto, em detrimento da paixão e entusiasmo que deveriam ter continuado a
potenciar, do incentivo, da disciplina e do rigor, da exigência, da intensidade
do trabalho, do aprender com os erros, do experimentar por via de tentativas e
erros e correspondente reflexão sobre o que se fez, bem ou mal.
Em
vez de os questionarem e ajudarem a refletir sobre as soluções possíveis para os
problemas com que deparam, em vez de os educarem com base em valores e
princípios que mais tarde lhes sejam essenciais para saberem o que querem, para
onde ir e como fazer a cada momento, optam por lhes “impor” caminhos e soluções,
“saltando” etapas de
desenvolvimento.
Aquilo
que muitos designam como ensino, formação e treino, não passam de atividades
demasiado formais, quase sempre desligadas da realidade, em que os jovens são
meros “recipientes vazios” para onde se “despejam” saberes, técnicas,
ferramentas, etc. e que, lamentavelmente e na maioria das vezes, as crianças e
os jovens nem sequer sabem para que servem e em que circunstâncias as devem
utilizar.
Em
vez de ensinarem a aprender
a fazer, fazendo, com o suporte do respetivo “treinador”, limitam-lhes a
descoberta e a vivência concreta da realidade para a qual precisam de ser
preparados.
Mas
não só!
Tão
preocupados que estão com os resultados a curto prazo que, ao detetarem e
selecionarem aqueles jovens que consideram reunir um maior e melhor potencial,
optam pelos que, por razões meramente morfológicas e biológicas, “vão mais à
frente” no seu desenvolvimento.
No
fundo, escolhem os que no imediato “garantem” sucessos, mas que nem sempre são
os que possuem melhor potencial futuro. Este é um verdadeiro “caminho das
pedras” a que os jovens têm de se sujeitar, frequentando aulas, treinos,
formação de quadros de empresas, etc., cuja monotonia, falta de rigor e
exigência, envolvência emocional, etc., são claramente desmobilizadores e
saturantes.
Em
conclusão, o meu conselho para um empreendedor é que, enquanto pais,
professores, treinadores, gestores de empresas, políticos, etc., saibam deixar
atrás de si um rasto (uma herança!) dos muitos jovens empreendedores de que o
país tanto carece.
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