A palavra crise gera em
quem a ouve uma imagem mental negativa. Mas a realidade não é assim tão
simples. A crise pode ser benéfica para algumas empresas e fatal para outras.
Como sempre acontece em momentos difíceis, as empresas melhor preparadas vão
sair fortalecidas da crise actual, enquanto as empresas pior preparadas talvez
não sobrevivam a ela.
O grau de resistência de
uma empresa depende muito da sua condição financeira, mas esta resulta de um
conjunto de decisões de gestão tomadas no passado. Do ponto de vista da gestão,
a crise traduz-se em menor margem para cometer erros. Numa crise temos menos
pessoas, menos tempo e menos dinheiro para recuperar de más decisões.
Nestes momentos, tudo o
que se faz é crítico, não só pelos resultados das acções mas também pelo que
elas comunicam. Qualquer colaborador da empresa espera do seu líder uma
indicação clara sobre qual é a situação real da empresa, qual é a estratégia
para atravessar a crise, como é que a sua vida será afectada, o que vai mudar e
o que vai permanecer na mesma.
A confiança é
indispensável para ultrapassar momentos difíceis. Os colaboradores precisam de
confiar que a gestão é capaz de gerar respostas à altura da situação. E a resposta
àquelas questões permite decidir qual o grau de confiança que lhe será
atribuído.
Liderar é uma
responsabilidade e a crise é um teste à capacidade de liderança. Todos esperam
que quem gere assuma a sua responsabilidade de mostrar uma direcção para sair
do buraco. Definir uma estratégia e comunicá-la, mesmo que tenha de ser
ajustada várias vezes para reagir aos acontecimentos, é melhor do que a
ausência de informação. Mesmo que seja uma estratégia dolorosa é melhor do que
a ausência de informação.
Qualquer comunicação que o
líder transmita será rapidamente amplificada por toda a empresa. Qualquer
silêncio que mantenha será interpretado e distorcido até se tornar ensurdecedor.
É preferível influenciar o que os colaboradores pensam com palavras do que com
silêncio.
Por isso, partilhar
informação sobre a situação da empresa é fundamental, mas sem apresentar dados
em bruto. Mostre como interpreta os indicadores e como os integra na
estratégia. Faça o trabalho de casa na preparação da comunicação. Depois
envolva os colaboradores na geração de soluções. Pode ser que se surpreenda
positivamente com a qualidade das ideias e o empenhamento da equipa.
Se exercer a gestão da equipa
com equidade no tratamento entre pessoas é normalmente importante, em situação
de crise é crucial. Qualquer perda de confiança na relação pode ter efeitos
devastadores. Tenha critérios claros e conhecidos por todos para as suas
decisões. Seja justo e explique-as. Dê o exemplo dos comportamentos que deseja
ver nos seus colaboradores. Não beneficie pessoas preferidas em detrimento de
bons profissionais.
Mas não são só os
colaboradores que precisam de confiar na gestão. A gestão também precisa de
confiar que os colaboradores são capazes de implementar a estratégia adequada
com competência e flexibilidade. E as chefias intermédias precisam de confiar
que quem está acima e abaixo não impossibilita o equilíbrio entre os objectivos
e a capacidade real das equipas.
A confiança é um elemento
indispensável na implementação de uma estratégia empresarial. É um fio condutor
de ideias e intenções que permite preencher os défices de informação com a
crença mútua de que juntos seremos capazes de superar as circunstâncias
negativas.
A confiança é o oxigénio
da estratégia. Sem ela nenhuma empresa respira debaixo de crise.
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