Talvez nunca como nos últimos meses, a palavra ‘empreendedorismo’ tenha sido tão utilizada no nosso país.
Não deixa de ser, aliás, um paradoxo que tanto apelo se faça à iniciativa privada num país habituado a viver dos subsídios e à custa do Estado Providência.
Pergunto-me mesmo se sabem os políticos do que falam quando se referem a empreendedorismo. Somos realmente um povo de empreendedores? A resposta é simples: não.
Olhando para o sector da actividade económica que conheço bem, a agricultura, digo que sim: somos empreendedores. Baseio-me em dados da actualidade e na realidade histórica que me diz que as más políticas agrícolas de sucessivos governos apostaram em destruir a agricultura portuguesa e só não a mataram porque os agricultores são empreendedores.
A questão é: somos todos empreendedores? A resposta é não. E é esta selecção que os políticos e os governos não têm sabido, ou podido, ou querido, fazer. O Estado tem um papel importante para defender os empreendedores nacionais. Aqueles que, por ignorância ou má-fé, acham que um bom empreendedor deve estar o mais longe possível do Estado e ser deixado à sua sorte não deveriam nunca ocupar cargos políticos. Porque estão a fazer mal ao país, ao seu empreendedorismo e aos seus empreendedores.
Nos últimos meses, uma média mensal de 200 novos jovens agricultores tem lançado projectos agrícolas inovadores, criadores de emprego e riqueza. Têm avançado com os seus parcos recursos próprios e desesperam pelo apoio financeiro que a banca não lhes concede porque são empresas ‘start up'.
Se querem falar de empreendedorismo, ponham a bolsa de terras em funcionamento e criem uma linha de crédito, tipo habitação, na CGD para a Agricultura.
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