domingo, 15 de maio de 2011

O sector dos Resíduos e a Empregabilidade


Face ao panorama actual do país e do mundo e às recentes notícias transmitidas pela comunicação social, adivinham-se tempos cada vez mais difíceis, dificuldades para as famílias e para as empresas, que obrigam a cortes nos orçamentos. Não se sabendo ainda muito bem o que esperar, quais os novos focos para redução das despesas, prevalece uma certeza: vai ter que existir, vai acontecer.
Segundo a associação Friends of the Earth Europe, se 70% dos resíduos produzidos na União Europeia fossem reciclados, o sector dos resíduos poderia criar mais 563.000 empregos.
Esta notícia é importante e faz-nos reflectir sobre os números. De uma dificuldade, a situação económica precária actual do país, da União Europeia e do Mundo com reflexos no aumento da taxa de desemprego, nasce, ou melhor pode nascer uma grande oportunidade. Há que canalizar esforços e recursos para a transformar numa verdadeira oportunidade.
A sociedade europeia da reciclagem que tanto queremos ser e constituir é o caminho para chegar à oportunidade, é o caminho para a transformar em realidade.
Sabemos que vamos continuar a produzir resíduos, resíduos recicláveis, resíduos de embalagem, resíduos orgânicos, resíduos indiferenciados, resíduos que obrigatoriamente terão que ser submetidos ao melhor e mais adequado tratamento.
Sendo assim, quantos mais resíduos forem canalizados para reciclagem, cumprindo as orientações nacionais e europeias – Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos -, um maior investimento no sector será necessário, nomeadamente a nível de infra-estruturas, mais Centros de Triagem (unidades responsáveis por preparar os resíduos e por encaminhá-los para reciclagem), mais Centrais de Valorização Orgânica (para produção de composto orgânico para aplicação na agricultura) e mais meios para a deposição selectiva dos resíduos, não esquecendo, obviamente, a optimização das infra-estruturas já existentes, que por muito optimizadas que sejam, não chegam para responder às necessidades que uma taxa de reciclagem de 70% obrigará.
De referir que na União Europeia, de acordo com os últimos valores consolidados para 2009 pelo Eurostat, 42% dos resíduos urbanos foram reciclados (multimaterial ou orgânicamente), 20% foram valorizados energeticamente e os restantes 38% foram depositados em aterro sanitário. Em Portugal e para o mesmo ano, os números divergiram da média europeia significativamente, 20% foram reciclados (reciclagem multimaterial e valorização orgânica), 18% foram valorizados energeticamente e 62% foram depositados em aterro sanitário.
Temos muito trabalho pela frente! O potencial é enorme e a oportunidade, poderá ela ser transformada em realidade?!
O que significaria um aumento da taxa de reciclagem dos resíduos urbanos em Portugal de 20% para 40%?! E o que poderia significar um aumento para 70%?! Que impacto se poderia esperar no sector dos resíduos e na sociedade?
Mais uma vez, uma certeza, a necessidade de uma mudança (teria que ser radical?!) em toda a logística, sendo de referir e a título de exemplo:
- Os Transportes – Mais resíduos canalizados para reciclagem, implicariam um maior investimento nas frotas, mais viaturas para o transporte dos resíduos para os sítios certos (viaturas de recolha de resíduos, viaturas para transporte para as indústrias de reciclagem, viaturas para colocação dos produtos reciclados no mercado,…);
- As Pessoas - Mais resíduos canalizados para reciclagem, implicariam mais recursos Humanos para integrarem as equipas que recolhem os resíduos (cantoneiros), as equipas que separam, preparam e acondicionam os materiais para expedição para a indústria recicladora (triadores e demais pessoal operário), as equipas que transportam esses resíduos (motoristas), as equipas da indústria recicladora que, finalmente, transformam os resíduos em novos produtos, isto já para não referir o corpo de gestão e técnico que, provavelmente, também teria que ser ajustado à nova realidade;
- A sociedade - Mais resíduos canalizados para reciclagem, implicariam um compromisso ainda maior por parte do Cidadão, um maior investimento em equipamento para deposição selectiva dos resíduos, um maior investimento em comunicação e sensibilização, um maior investimento em processos dirigidos e participativos;
- Os parceiros - Mais resíduos canalizados para reciclagem, implicariam mudanças nas demais empresas que se relacionam com o sector dos resíduos, desde a indústria automóvel, a indústria de contentores para deposição de resíduos, indústria recicladora, fornecedores de maquinarias, empresas de comunicação, de serviços, … enfim, um infindável efeito multiplicador de ajustes seriam necessários efectuar não só nas entidades que lidam directamente com os resíduos, mas em todas que se relacionam com este sector.
Consegue-se assim perceber o poder que o sector dos resíduos pode ter… O poder de aumentar as taxas de reciclagem e sermos uma sociedade da e para a reciclagem, de cumprir as metas estabelecidas para Portugal a nível da reciclagem, de aumentar o emprego, o número de postos de trabalho e assim permitir um maior poder de compra às pessoas, de fazer crescer os parceiros, de estimular a economia, de aumentar o PIB e a actividade económica, não só de uma região, mas de um país, com repercussões europeias e quem sabe, até mundiais.
Regressando aos números, o aumento da taxa de reciclagem dos resíduos urbanos em Portugal de 20% para 40%, significaria, certamente, um maior compromisso de todos, compromisso esse que teria reflexo em inúmeras actividades. Para melhor percepção de toda a envolvente, e de acordo com o panorama actual e difícil que se vive, não seria esta uma solução para a indústria (onde se insere o sector dos resíduos), para o desemprego, para aumentar o poder de compra e o fluxo financeiro de todo o país, para melhorar a qualidade de vida das pessoas (e dos jovens que tentam ingressar no mundo do trabalho), para aumentar a satisfação e realização das pessoas, para triunfar sob os pilares da sustentabilidade, sob o desígnio da responsabilidade social,…?! E Sabendo nós de antemão que todos este elementos se iriam repercutir no que procuramos todos os dias - a FELICIDADE (de toda a sociedade)!

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