VE – O que é o Canal 180º e como funciona?
O Canal180 é um projecto media especializado na criação e
distribuição de conteúdos criativos e culturais em todas as plataformas
digitais. Reduzimos ao essencial tudo o que é necessário para fazer televisão.
Desenhamos uma operação técnica que nos permite gerir sistemas complexos de
gestão e emissão de conteúdos de forma eficiente e de baixa manutenção.
Focamo-nos na qualidade da equipa editorial para produzir os conteúdos base da
programação (actualidade cultural e música)
e através desse ponto de diferenciação estamos a construir a credibilidade e
competitividade para desenvolver parcerias com alguns dos melhores criadores e
instituições nacionais e internacionais.
VE - Como Surgiu a ideia de criar um canal colaborativo
dedicado a cultura?
A ideia de criar um canal dedicado à cultura é pouco
original, acho que todas as pessoas sentiam que fazia sentido. A parte de criar
um canal colaborativo foi a forma de o tornar viável.
VE – Foi com a ideia do canal 180º que venceu o prémio nacional de industrias criativas de 2010. Em
que medida esse prémio foi importante para passar da ideia à prática?
O prémio foi importante para criar uma primeira rede de
contactos institucionais e a credibilidade necessária para ir para o terreno
começar a chatear pessoas.
VE – Arrancaram com um novo projecto, numa área em que não
tinham qualquer experiência. Como foi encarar este desafio?
O desafio foi exactamente tentar não fazer mais do mesmo, procurar
novas abordagens e novas formas de produzir conteúdos, é isso que nos motiva,
apesar de ser muitas vezes extenuante. Temos uma visão sobre a transformação
dos media e acreditamos que a nossa principal vantagem é esta liberdade para
experimentar.
VE – Quais eram os vossos principais objectivos quando
lançaram o Projecto?Dar visibilidade a uma cultura emergente que será cada vez mais importante no contexto da produção cultural e da expressão individual.
VE – Passado um ano de emissão, qual é o balanço do trabalho
realizado?
Estamos só a começar. A evolução foi mais lenta do que
gostaríamos porque no contexto em que arrancamos não podíamos investir na
promoção do canal nem em ancoras de programação que facilitariam a divulgação.
Mas a persistência fez com que sobrevivêssemos a um ano extremamente difícil. A
maior parte das pessoas só este ano vai começar a ouvir falar e a ver o 180.
VE – Afirmou que o Canal 180º É um canal “colaborativo, permeável e
horizontal”. É
a rede colaborativa a base do vosso modelo de negócio?
Queremos trazer também para a televisão um modelo que tem
funcionado bem em muitos negócios. Os modelos colaborativos são o modelo dos
nossos tempos, porque permitem maior sustentabilidade de inovação. Para além
disso, no negócio dos conteúdos permitem a formação das redes de produção que são
hoje essenciais para o processo de distribuição, tanto para atingir a massa
critica inicial necessária, como na importância da selecção, filtragem ou
curadoria (plataformas como o Kickstarter ou Behance são excelentes exemplos
disto)
A maior parte dos conteúdos que nos interessam, os mais
originais e inovadores que se produzem um pouco por todo o mundo, são
exactamente aqueles que apesar da qualidade têm dificuldade em encontrar canais
comerciais para circular. A nossa função é encontrá-los, dar-lhes uma
visibilidade e um contexto que aumenta o interesse por eles. Felizmente temos
conseguido a colaboração de criadores de culto como Mike Mills ou Vincent moon.
Em relação ao modelo de financiamento actual, assenta
sobretudo na produção de conteúdos para parceiros institucionais e marcas.
VE – O canal 180º alargou o seu período de emissão e também
viu reforçada a sua distribuição em novos operadores. Podemos dizer que estão
em contra ciclo com a situação económica que o pais vive actualmente?
Como estamos a começar, só podemos crescer. O
crescimento noutro contexto poderia ser mais rápido. Mas este ano prevemos
duplicar a facturação do ano passado. Embora a publicidade tradicional seja
muito afectada, no mundo digital por exemplo, a produção de conteúdos está a
crescer e deverá continuar. Pelas competências e qualidade da nossa estrutura
editorial somos muito competitivos na produção de conteúdos.VE – Não sendo a cultura um sector base da economia, acreditam que a conjuntura económica actual pode condicionar o aparecimento de projectos inovadores como o caso do canal 180?
Nunca houve em Portugal um canal de televisão nacional
dedicado à cultura e criatividade, por isso não terá apenas a ver com a
conjuntura. Existem períodos de disrupção e estou convencido que vivemos um
momento desses muito importante no que toca a criação artística.
VE – Que conselho daria aos empreendedores que desejam
desenvolver um projecto neste momento?
Diria que a vontade de fazer é muito mais determinante do
que saber tudo à partida.
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