Pouca gente sabe, mas o empreendedorismo é um dos temas mais estudados ultimamente na academia no campo das Ciências Sociais Aplicadas. Embora não haja ainda unanimidade de que o empreendedorismo possa ser compreendido cientificamente, a quantidade de periódicos acadêmicos internacionais sobre o tema vem crescendo a cada dia. Para entender melhor esse interesse crescente, descrevo a seguir os principais campos de estudo relacionados direta ou indiretamente com empreendedorismo.
• Criação de novos negócios. Existe um certo consenso de que o começo de um novo negócio exige competências e habilidades que são diferentes da fase de crescimento de um negócio já existente. Para muitos estudiosos, o empreendedorismo só pode ser aplicado ao fenômeno do começo de um negócio, quando não existia nada antes.
• Micro e pequenas empresas. É uma das principais categorias do empreendedorismo. Reúne estudos relacionados à sobrevivência e à gestão de empresas de pequeno porte e, em vários casos, o empreendedor individual ou autônomo. Nos Estados Unidos, compreende também as empresas de porte médio.
• Empreendedorismo corporativo. Estuda o fenômeno da geração de novos negócios dentro de organizações já existentes, sobretudo as de grande porte. Abrange também estudos sobre clima interno de estímulo à atitude empreendedora de funcionários (intraempreendedorismo) e as estratégias de natureza empreendedora das organizações.
• Empreendedorismo social. São estudos relacionados com empreendedorismo no terceiro setor, explicando as diferenças entre empreendimentos com e sem fins lucrativos. Também abrange conhecimentos relacionados com o setor 2,5, ou seja, empresas com fins lucrativos.
• Empresas familiares. Considerado por muitos um campo de estudo próprio, relacionado indiretamente com empreendedorismo, procura compreender o fenômeno por trás de processos sucessórios entre gerações e a profissionalização da gestão de empresas.
• Franquias. Também considerado um campo de estudo ligado a empreendedorismo, procura entender as particularidades desse modelo de negócio na expansão de empresas já existentes, em que se replica de forma estruturada um modelo operacional bem-sucedido.
• Políticas públicas. Tema com interesse crescente na comunidade acadêmica, estuda os efeitos positivos e negativos de ações do governo sobre as empresas de micro, pequeno e médio portes. Muito baseado em estudos macroeconômicos de cada país ou localidade.
• Capital de risco. Campo de estudo com vida própria, relacionado com empreendedorismo. Concentra os interesses no funcionamento dos modelos de capitalização de empresas, incluindo o capital semente usado no início dos empreendimentos, os fundos de investimento de risco, o private equity e a oferta pública no mercado de ações.
• Empreendedorismo internacional. Especializado em estratégias adotadas por pequenas e médias empresas para a expansão internacional, abordando aspectos de diferenças culturais, regulamentação, infraestrutura, comércio exterior e modelos de negócios.
• Empreendedorismo feminino. Aborda questões de gênero e suas diferenças ao empreender, incluindo o papel da mulher na sociedade, a inserção social e as características psicológicas da mulher empreendedora.
• Empreendedorismo étnico. Estudo do fenômeno do empreendedorismo em comunidades de minorias raciais, abrangendo as relações sociais e culturais, os tipos de negócio comuns em cada grupo, os modelos de gestão para o desenvolvimento e o crescimento desse tipo de negócio.
• Ensino de empreendedorismo. Concentra-se na explicação do processo de desenvolvimento de competências e habilidades empreendedoras e as relações com o processo formal de ensino. É subdividido por fases do desenvolvimento humano.
• Empreendedorismo e idade. Estuda o surgimento do viés empreendedor em duas faixas etárias, o jovem e a terceira idade. Foca as características dos empreendimentos iniciados, o processo decisório que leva a empreender e os efeitos das particularidades típicas de cada idade no empreendedorismo.
• Empreendedorismo tecnológico. Tem interesse em novos negócios na internet, baseados em tecnologia da informação e negócios de alto impacto. Em muitos casos está inserido ou conectado com estudos sobre inovação, mas fora da área das ciências.
• Inovação. Área de estudo paralela ao empreendedorismo, porém com alta aderência com empreendedorismo tecnológico. Direcionado para o entendimento do processo de inovação em ações de pesquisa e desenvolvimento, proteção intelectual, transferência de tecnologia, incubadoras e parques tecnológicos.
Existem outras áreas de menor expressão que também reúnem grupos específicos de estudiosos e pesquisadores. A verdade é que o empreendedorismo como campo de estudo é muito amplo e aberto a uma enorme variedade de temas de interesse da comunidade acadêmica, que busca explicações para um dos mais relevantes fenômenos da economia mundial.
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