No capital de risco, nunca houve tanto financiamento disponível para o chamado "early stage".
"A falta de confiança dos agentes económicos e, sobretudo, as dificuldades de acesso ao crédito estão, sem dúvida, a condicionar fortemente a actividade empreendedora em Portugal", afirma Francisco Balsemão. Para o presidente da ANJE, existem outros entraves estruturais: barreiras administrativas ao investimento, lentidão da justiça e os chamados "custos de contexto". Mas pode haver esperança. Francisco Pegado explica que, quem quiser aventurar-se num negócio seu, poderá obter financiamento na área de capital de risco e na de crédito. "No capital de risco, nunca houve tanto financiamento disponível para as áreas do pré-semente, semente e o chamado "early stage", isto é, projectos empresariais até três anos de actividade comercial." Na área do crédito, destaca linhas de crédito com risco partilhado pelo Estado, como as do IEFP e do programa FINICIA. "Sabe que no último mês só o IEFP acolheu, nas suas linhas de crédito, mais de um milhão de euros para a criação de empresas?"
Além das soluções ligadas à área pública, existem as soluções bancárias. O problema é que o grau de exigência dos financiadores se alterou, segundo Francisco Pegado. "Deixou de haver dinheiro ‘fácil’. Não há financiamento para ideias de negócio, há financiamento apenas para projectos empresariais." E acrescenta que as melhores alternativas de financiamento passam, na área do capital de risco, pelo microcapital do FINICIA (até 100 mil euros de investimento), ou pelos fundos de co-investimento de "businss angels" (até 300 mil euros). "É preciso dizer, neste segmento de projectos mais pequenos, que é possível juntar vários operadores num projecto, com vista ao aumento dos montantes investidos e à diminuição de risco", adianta. Os "business angels" podem ter interesse para quem não tenha experiência de gestão, porque, além do conhecimento na área, têm acesso a uma agenda de contactos útil para quem está a iniciar actividade.
"O verdadeiro empreendedor é aquele que não fica à espera de ser tratado de forma paternalista para empreender." É preciso mostrar aos jovens que lançar um negócio é algo que está ao seu está ao alcance, com soluções e apoios "como nunca houve na geração anterior".
A educação para o empreendedorismo é fundamental para que o tema circule. O IPJ vai lançar um concurso de criatividade e participação cívica, apadrinhado pelo Ministério da Educação, aos alunos do terceiro ciclo do básico e aos do secundário. "Este ano, vamos aumentar substancialmente o número de turmas e de professores envolvidos em formação para o empreendedorismo", acrescenta.
O IAPMEI vai passar o "Poliempreende" (concurso de planos de negócio dos institutos politécnicos) para algumas escolas profissionais. "As escolas superiores têm todas competições, muitas delas com carácter formativo na área dos projectos empresariais, e muitas fazem ciclicamente laboratórios de aprendizagem, para quem se interessa por estas temáticas."
Para Francisco Pelgado, é importante que os jovens sejam persistentes, realistas, procurem minimizar ao máximo os riscos e que tenham planos de contingência para os factores mais críticos de sucesso, como a relação com o mercado, concorrência, fornecedores, equipas e tesourarias. Na relação com os financiadores, é fundamental a credibilidade e, no caso do capital de risco, deve procurar-se indexar ganhos dos promotores aos resultados alcançados. "No caso do crédito, é mais fácil fazer os outros acreditar quando arriscamos também o que é nosso", diz.
O microcrédito é uma das alternativas possíveis para quem quer estar por conta própria e criar o seu posto de trabalho. José Centeio, secretário-geral da ANDC – Associação Nacional de Direito ao Crédito informa que não possui produtos específicos para jovens, já que o microcrédito se dirige a toda a população, desde que os candidatos não tenham acesso ao crédito bancário normal por falta de garantias reais ou devido a uma situação de desemprego.
"A associação tem feito sessões de informação em escolas, nomeadamente a alunos da via profissional e participado em iniciativas como as feiras de emprego, em várias regiões do país. Mas temos consciência de que é preciso fazer mais e ir ao encontro dos jovens. Nesse sentido, a ANDC está a pensar numa estratégia que permita uma maior divulgação junto dos jovens universitários."
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