sábado, 26 de fevereiro de 2011

"O potencial Criativo Humano tem inicio na Infancia", afirma Alberto Oliveira


O Mikado, o Jogo da Glória ou o Sabichão são jogos que fazem parte da memória de várias gerações. Estes produtos marcaram a história da Majora, uma empresa familiar que nasceu em 1939. “O consumidor português habituou-se ao longo dos anos a encontrar nos nossos artigos um nível elevado de design associado ao binómio qualidade/preço”, refere o administrador da empresa, Alberto Oliveira, à “Vida Económica”. O responsável pela empresa de brinquedos salienta que “o potencial criativo humano tem início na infância”.


VE - A Majora nasce numa altura muito difícil na história da humanidade – A segunda guerra mundial. A concretização de um sonho numa altura marcante. Pode-se dizer que era um projecto empreendedor à data?
AO - A Majora é uma empresa ligada à família há três gerações. Foi em 1939 que o meu pai com um verdadeiro sentido de gestão, amante do trabalho, decide desenvolver um projecto próprio. Era num período de grande convulsão política e social e com parcos recursos financeiros. O nome Majora reporta-se ao nome do meu pai : Mário José de Oliveira. A estrutura familiar actual – eu, o meu irmão António e os seus dois filhos, a Paula e o Pedro.

VE - Os brinquedos potenciam a imaginação das crianças ao longo da sua infância. Podemos assim dizer que são um estímulo ao espírito empreendedor?
AO - O potencial criativo humano tem início na infância. Quando as crianças têm iniciativas criativas e sendo incentivadas são propensas a agir de forma inovadora. Através dos nossos produtos podemos incentivar, as crianças, a desenvolver novos padrões cognitivos. A possibilidade de criar está ligada aos contextos familiar, escolar e às experiências vivenciais p/ criança.
Todos sabemos que a inovação quando cria aumento de competitividade pode ser considerada como um factor fundamental no crescimento económico de uma sociedade.

VE - Com mais de 70 anos de existência e 300 produtos concebidos em diferentes materiais, a Majora está presente na memória de varias gerações. Qual foi o produto, ou produtos mais emblemático e que por isso marcam a historia da Empresa?
AO - Foram sobretudo três:
MIKADO – é um jogo de origem chinesa que põe à prova a paciência e a habilidade e destreza dos jogadores.
JOGO DA GLÓRIA – tradicional jogo de percurso. A sorte ou o azar ora faz avançar ou recuar até que o primeiro jogador chegue à casa GLORIA.
SABICHÃO – jogo de perguntas e respostas de vários temas em que o boneco Sabichão dá a resposta exacta.

VE - Tratando-se de produtos cujo objectivo é fomentar a criatividade e espírito crítico das crianças, o processo de desenvolvimento de novos produtos assume-se como fundamental para o sucesso da empresa. Como se desenrola este processo na Majora?
AO - A Majora está atenta ao desenvolvimento da criança desde a etapa sensorial dos bebés, da “idade do faz de conta”, das competências auditivas e linguísticas nas várias fases da infância. Pretendemos estimulá-la de acordo com a idade para que, no futuro pensem de forma criativa, ganhem auto-estima e sejam autodidactas.
Para nós o lançamento de novos produtos é sempre um projecto entusiasmante. Conseguir chegar às nossas crianças é uma tarefa complexa . Determinar qual o seu potencial. Precisamos de uma análise de previsão muito atenta já que implica um tomar de decisões importantes no investimento de capital. Temos uma equipa multifuncional para desenvolver os nossos produtos que fazem acontecer resultados fantásticos liderados pelo Pedro e pela Paula.

VE - Sabemos que grande parte dos brinquedos disponíveis no mercado português é fabricada na China. Como sentiu a Majora a concorrência dos países orientais?
AO - A não consciência da mudança das transformações da ordem politica e económica mundial que vem acontecendo teria consequências funestas. A crescente concorrência internacional tem obrigado a cortar custos para obter preços mais baixos e a procura de preços de produção menores.

VE - Como reagiu a Majora ao aparecimento das novas formas de entretenimento para as crianças, nomeadamente os jogos electrónicos?
AO - Se é certo que o jogo electrónico ganhou presença indiscutível no nosso quotidiano, não é menos verdade que o jogo tradicional ludico-didáctico ou somente de diversão permanecerá nos hábitos das pessoas pela nobreza dos materiais de que são feitos, pela imaginação e fantasia que transportam e naturalmente por um vector estratégico que o diferencia - o preço. Um dos objectivos da Majora é tornar os jogos acessíveis a todos através de produtos para todas as bolsas. O consumidor português habituou-se ao longo dos anos a encontrar nos nossos artigos um nível elevado de design associado ao binómio qualidade- preço.

VE - A Majora lançou recentemente também jogos para pessoas de mais idade. Porque este segmento de mercado?
AO - O nosso projecto sénior destina-se a um nicho de mercado com o objectivo de estimular as competências cognitivas das pessoas idosas. Estimulam a memória, a atenção, a concentração, a rapidez psico-motora e a compreensão verbal. São os títulos SÓ GESTOS, CUBOS LÓGICOS, QUEM SABE,SABE.
Acreditamos que ajudam a manter a actividade mental procurando que socializem e disputem a vitória com os mais novos, com os netos.

VE - Actualmente a actividade da Majora não se dedica exclusivamente a produção e venda de jogos e brinquedos. Pode-nos falar do processo de diversificação da empresa?
AO - Não faria sentido estarmos de braços cruzados. Temos de ter a capacidade para diversificar e perceber que há outras oportunidades. A MAJORA definiu na sua estratégia tornar-se uma empresa para a criança, como tal explorando todos os segmentos de mercado que o nosso Know How nos permita. Criamos marcas próprias para o público infanto-juvenil através de licenciamento de marcas (Noddy, Ruca, Ben 10, Winx, Hello Kitty) a Animated Drinks e a Mon Petit Cadeau. A primeira, através da marca Yammi dedica-se ao desenvolvimento, produção e distribuição de bebidas e produtos alimentares enquanto a Mon Petit Cadeau está mais vocacionada para produtos de higiene.

VE -Conscientes da importância da história da Majora para o desenvolvimento do Mercado dos brinquedos em Portugal, criaram o “Museu do Brinquedo”. Qual tem sido o feedback dos mais jovens a este museu?
AO - O meu irmão António sempre teve o espírito de coleccionador. Tem sido com muita dedicação e paciência que já há uns anos guardou e organizou os jogos que fazem parte da nossa memória colectiva. Assim, ali vemos relatadas as diversas etapas da evolução do jogo, a saudade e a admiração pelo que se fez. Os benefícios didácticos, educacionais e culturais são evidentes despertando o instinto de curiosidade pelo passado.

VE - Que projectos e produtos tem a Majora em carteira para os próximos tempos? AO - Projectos há muito mas brevemente vamos lançar 5 jogos para crianças com dificuldades de aprendizagem em colaboração com o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil – Cadin, a colecção EVOLUI. Esta colecção junta o carácter lúdico com o objectivo terapêutico.
No seu ADN a empresa tem a facilidade de criar, inovar e empreender. Apesar da forte concorrência existente no sector de actividade em que actuamos, estamos convictos que o caminho que traçamos estrategicamente têm-se traduzido em resultados concretos e como tal novos desafios nos são colocados. Brevemente teremos mais novidades para colocar à disposição dos nossos consumidores.

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