Os empreendedores reconhecem que são bons inventores mas que não têm a capacidade comercial ou de gestão para passarem o negócio do laboratório para o mercado real. É esta a componente mais importante em todo o processo de investimento e não apenas o capital que se aplica.
Os investidores muitas vezes queixam-se que não existem projectos de qualidade. Em parte é certo, mas tal facto é motivado pelo tamanho do país que temos, o que torna difícil a existência de muitos projectos de qualidade, mas os poucos que temos, às vezes são de grande qualidade a nível mundial, inclusive reconhecidos e premiados lá fora, mas que cá dentro não lhe dão a devida importância, o que torna o país cada vez menos inovador e competitivo.
São precisos empreendedores, mas também são necessários investidores que saibam analisar convenientemente os projectos que chegam às suas mãos, para não perderem oportunidades, não desiludir quem afinal poderia ser uma referência nacional ou até mundial, e para não impedir que o país cresça e se modernize.
Pedir tudo isto a um investidor, e ainda que o mesmo assuma o risco do investimento, não é pedir pouco, e é por isso que temos de profissionalizar a forma em como se investe em empreendedores em Portugal, em especial através das capitais de risco públicas.
Depois de ver a "grande reportagem" da SIC, onde dois empreendedores mostravam soluções absolutamente inovadoras e até com a realização de investimento próprio, para provar que as mesmas não eram apenas teóricas, através de protótipos, fiquei chocado como é que ideias como a de um carro com energia ilimitada, com baterias auto-recarregáveis por via eólica (ou seja, quanto mais o carro se desloca, mais a bateria se carrega - uma ideia genial), ou um sistema que evita inundações, premiados no estrangeiro, ficam na gaveta, destruindo o sonho de quem quer inovar e revolucionar o mundo.
Mas o problema, não está apenas na falta de capacidade de análise, mas também na falha de uma verdadeira incubadora de start-ups. Para fazer crescer um negócio, não temos apenas de colocar dinheiro nele (já tinha referido isto em artigos anteriores), é necessário envolver o negócio numa rede comercial que funcione e que potencie o mesmo. É esta a parte mais complicada do processo, e que não está devidamente estruturada nas capitais de risco públicas, (desaproveitando a grande sinergia comercial que o próprio estado pode dar) acabando por atirar para o lixo grande parte dos investimentos, e culpabilizando o empreendedor do não sucesso.
Os empreendedores, como estes que dou como exemplo, reconhecem eles próprios que são bons inventores e realizadores da sua invenções, mas que ao mesmo tempo não tem a capacidade comercial ou de gestão para passar o negócio do laboratório para o mercado real. É esta a componente mais importante em todo o processo de investimento, e não apenas o capital que se investe.
Temos por isso de reformular por completo a forma em como o estado gasta dinheiro em empreendedores e no empreendedorismo. O novo ministro da economia, já disse mais de uma vez que é preciso apostar no empreendedorismo, e não posso estar mais de acordo, mas enquanto não se criar um centro incubador que seja facilitador de contactos e gerador de negócios a nível nacional e internacional (com a chancela do governo) difícil será rentabilizar os investimentos.
Se definimos uma espécie de "selo de qualidade" em cada projecto investido por capitais de risco públicas, pode-se criar uma rede "ao estilo Cotec" que através de protocolos com grandes empresas internacionais e nacionais, possam vir a dar um empurrão significativo aos projectos. É preciso fazer este trabalho para termos uma boa "plataforma de lançamento" para os nossos inventores.
Este é um trabalho que ainda não foi feito, mas que é obrigatório se queremos ver o dinheiro do contribuinte bem investido, no futuro do país.
Se o estado, por exemplo, tem um acordo feito com a Auto Europa, neste centro incubador, permitindo que o protótipo do carro, passe para um cenário de aperfeiçoamento e comercialização, mais um acordo com o INPI para patentear o "estado da arte" deste projecto a nível global, todo o conceito ganharia muito mais força que apenas entregar capital a este empreendedor.
Mas quem investe no estado, em vez de criar esta "plataforma de lançamento" deixa tudo ao sabor do empreendedor, que muitas vezes não tem experiência, nem contactos, nem capacidade de tornar o seu protótipo num modelo comercializável.
É esta falta de consolidação da inovação com o mercado real, que deixa Portugal ao sabor do vento no que diz respeito a investimentos empreendedores. São os empreendedores que precisam deste apoio, não são as grandes empresas, por isso o estado tem de criar mecanismos para que seja possível juntar todas as peças e elevar o país a um nível de empreendedorismo e inovação nunca antes vivido.
Dedico este meu artigo aos dois empreendedores, e às suas excelentes ideias, lamentando que tenham ficado na gaveta. Contudo não pude de deixar de expressar a minha critica, e sugestão, na esperança de alguém retomar os referidos projectos e vir a integra-los numa "plataforma de lançamento" que os faça crescer.
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