sábado, 29 de janeiro de 2011

"Natureza das Multinacionais não incentiva ao Intra-empreendedorismo"


Num mercado competitivo como o das Tecnologias de Informação, a Pragmasis distingue-se pela dimensão e agilidade da empresa, o que permite responder de imediato às necessidades de cada Cliente, como salientam Alfredo Leite Castro e Jorge Afonso Silva

VE - A Pragmasis é uma empresa que desenvolve software para um sector de mercado bastante especifico - A banca. Pode nos dizer qual é especificamente a vossa área de actuação?
LC – A PragmaSis tem actuado primordialmante no desenho e implementação de soluções informáticas para os canais presenciais da Banca, especificamente as Agências Bancárias. A nossa ferramenta de desenvolvimento de aplicações, AP.NET – Application Platform, permite construir eficazmente soluções à medida de cada instituição financeira. Estas soluções são executáveis tanto num ambiente de canal presencial, como em ambientes não-presenciais, por exemplo, Home-Banking.
JAS - É de salientar que no desenrolar dos projectos para os nossos clientes, actuamos fortemente como consultores durante a fase de desenho e arquitectura da solução final, de modo a transferir a nossa experiência e “know-how”.

VE – Ambos os sócios fundadores da empresa tiveram uma carreira profissional em empresas Multinacionais. Segundo a sua experiência, estas empresas promovem as condições para que se desenvolva o intra-empreendedorismo?
LC – A natureza intrínseca das multinacionais não incentiva a que tal aconteça. As soluções a propor aos clientes são quase sempre as dependentes do catálogo de produtos da empresa, complementadas com os serviços necessários a cada implementação específica. A dimensão do mercado nacional, na perspectiva duma multinacional, não justifica normalmente os custos de “start-up” dum projecto de raíz ou inovador.
JAS – Nos anos recentes, talvez porque a componente Serviços ganhou uma maior enfâse para as multinacionais, temos visto uma maior abertura destas às iniciativas de projectos de âmbito local.

VE – Com carreiras profissionais de sucesso, o que os levou a optar pela criação de um projecto próprio?
LC – Quando se está inserido na estrutura duma grande empresa, a progressão profissional implica muitas das vezes uma desistência da componente técnica, passando a gestão a ser predominante, mesmo absoluta. Este percurso não era atraente. Foi portanto fácil tomar a decisão de partir para um projecto próprio, com objectivos bem definidos, que julgávamos satisfazer uma necessidade do mercado bancário nacional.

VE- Quais foram os principais desafios que encontraram para criarem a vossa própria empresa?
LC – Por vezes, a ignorância pode ser uma vantagem. O nosso desconhecimento dos trâmites inerentes à criação duma empresa, amplificada pelo optimismo de quem inicia uma nova etapa, fizeram-nos ultrapassar as burocracias sem que tenham ficado traumas. Verdade se diga, que tivemos também ajudas de quem já sabia destes assuntos.
JAS – Uma dos desafios que enfrentámos na altura da criação da PragmaSis foi a aceitação pelos potencias clientes da nossa nova identidade. O mercado alvo viu-nos durante anos como empregados duma multinacional, e uma compreensível inibição inicial teve de ser vencida. Outra dificuldade teve a ver com natural urgência em criar de raiz a ferramenta tecnológica necessária para atingirmos os nossos objectivos. Os primeiros meses foram dedicados à implementação do produto AP – Application Platform, numa versão que suportasse OS/2 (então predominante na banca) e simultaneamente Windows.

VE - Quando de fala em desenvolvimento tecnológico fala-se de inovação. De que forma a Pragmasis promove e fomenta a inovação na sua intervenção com os seus clientes?
LC – Embora inovação seja importante, a faceta que exprime melhor a filosofia da PragmaSis é o pragmatismo. Perante os requesitos dum projecto, preferimos soluções já provadas que satisfaçam as necessidades. A adoptção de novas tecnologias, apenas porque são novas e estão na moda, não tem aqui qualquer acolhimento. Pode parece uma postura conservadora, mas é apenas realista. Quantas novas tecnologias vimos surgir, monopolizar as atenções e desaparecer fugazmente, nos últimos anos ? Na PragmaSis estudamos primeiro as tecnologias emergentes, esperamos que as mesmas estabilizem demonstrando a sua validade, e então inovamos as nossas soluções.
JAS – Não somos apologistas de fazer “experimentação” nos projectos dos clientes. O risco para o cliente tem de ser minimizado respeitando-se os objectivo definidos. Qualquer inovação tecnológica ou funcional que introduzimos num projecto é sempre equacionada em termos vantagem versus risco.

VE – Actuando essencialmente no mercado nacional, que tipo de relacionamento tem com os vossos clientes? Pode-se falar em fidelização?
JAS – Fidelização é uma expressão demasiada forte, susceptível de interpretação negativa, abusiva. Penso que conseguimos establecer com os nossos clientes uma relação de confiança e fiabilidade. Quando nos comprometemos num objectivo, é porque sabemos que o podemos cumprir. E os nossos clientes reconhecem isto.

VE- Actuando a Pragmasis num sector altamente competitivo (TI’s),em que os grandes player’s são internacionais, o que diferencia a empresa face a concorrência?
LC – O “commitment” da PragmaSis nos projectos é um dos factores que pensamos ter grande valor para os nossos clientes. Da situação inicial de “projecto do cliente”, passamos rapidamenta à situação de “projecto comum”, nosso. Também a dimensão e agilidade da empresa permite-nos responder de imediato às necessidades e requisitos específicos de cada cliente. A competição, particularmente a internacional, não tem esta flexibilidade.
JAS – O que também nos diferencia, é a nossa postura de sinceridade para com os clientes. Se a PragmaSis não pode responder satisfatoriamente a um requisito do cliente, seja em termos técnicos, seja em termos de custo, preferimos assumir frontalmente esse facto, aconselhando por vezes a própria concorrência. A longo prazo, esta sinceridade acaba sempre por pagar dividendos.

VE – Nos últimos anos assistiu-se a uma revolução profunda no mercado bancário com a chegada da banca electrónica. O vosso negócio foi de alguma forma afectado por esta nova realidade?
LC – Sim, e de um modo positivo. Para além das soluções que vínhamos implementando, tipicamente do tipo Cliente/Servidor, desenvolvemos novas ferramentas e produtos para esta área, que foram adoptados pela maioria dos nossos clientes. Alargámos portanto a abrangência das nossa soluções técnicas.
JAS - Temos hoje um portfolio de ferramentas e soluções que cobrem amplamente muitos dos requisitos de TI na banca, em particular na componente de infra-estruturas aplicacionais distribuídas. Uma percentagem significativa das operações nacionais executada por “banca electrónica”, dependem de componentes e soluções desenvolvidos pela PragmaSis.

VE – A Pragmasis possui uma estrutura bastante reduzida face a outras empresas. Esta flexibilidade é fundamental para actuar num mercado tão reduzido, nesta actividade, como o Português?
LC – Já referimos que a flexibilidade é um factor diferenciador da PragmaSis.É uma característica de que não abdicamos. Mas não penso que seja fundamental para actuar no mercado nacional. O mercado procura alguns tipos de soluções, por exemplo envolvendo mão-de-obra intensiva, a que empresas menos ágeis respondem mais eficazmente.

VE – Normalmente o caminho de um pequeno projecto como o vosso é a sua aquisição por uma grande Multinacional. Já alguma vez sentiram essa pressão por parte da concorrência?
JAS – Curiosamente não temos sentido pressão. Temos encarado qualquer hipótese como merecedora de estudo, mas talvez em resultado do nosso espírito de independência, não nos sentimos pressionados.
LC – Pensamos que uma eventual aquisição da PragmaSis por outra empresa só fará sentido para assegurar o futuro a longo prazo das nossas soluções nos clientes. Não é uma necessidade no horizonte próximo. A dimensão reduzida da PragmaSis, se por vezes é um factor de dúvida no início do relacionamento com um novo cliente, permite-nos no entanto enfrentar as oscilações do mercado com muita solidez.

VE – As novas tecnologias é uma área extremamente atractiva para os jovens. Que conselho daria aos jovens que quisessem empreender nessa área?
LC- Como em todas as áreas de actividade, e não apenas nas novas tecnologias, a palavra chave é Profissionalismo. Aquilo que fazemos, temos de o fazer com o nosso melhor empenhamento e competência, e olhar criticamente para os resultados. Não se mantêm um percurso profissional de sucesso sem um esforço continuado, em que a transpiração largamente excede a inspiração.
Confiabilidade é indispensável para ter aceitação num mundo empresarial. É vital que os clientes possam confiar no resultado do trabalho e na pessoa.
JAS - Ter Abertura de Pensamento que leve à curiosidade na pesquizar novas soluções, à aceitação crítica de inovações, a progredir profissionalmente.
Finalmente, encontrar um nicho de actividade em que possamos exercer Excelência, é um factor decisivo de sucesso.

VE- Que desafios a Pragmasis tem pela frente nos próximos tempos?
LC – Pragmaticamente ? Conquistar o próximo projecto.
JAS – Com sucesso para o Cliente, e portanto para a PragmaSis.

1 comentário:

Anónimo disse...

Normalmente as grandes empresas não acreditam nos portugueses a não ser que estejam residentes noutros paises, este é um grande exemplo do que se faz bem em Portugal.

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