São mais de cinco milhões os portugueses que vivem no estrangeiro. Desde 2008, a Cotec já distinguiu seis com o Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa. Conheça as histórias por detrás do sucesso.
Inserir o nome e palavra passe, conversar com amigos, sair. Onde quer que esteja, pode utilizar o eBuddy para comunicar nos seus “chats” preferidos. A ideia é de origem lusitana, mas tem sede em Amesterdão, Holanda. Paulo de Carvalho, 32 anos, é a cabeça por trás do conceito. Quatro anos depois de se ter mudado para aquele país lançou a sua própria empresa.
Hoje, a eBuddy tem escritórios em Londres, São Francisco (EUA) e emprega 90 pessoas. Em 2009, venceu a segunda edição do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, promovido pela Cotec Portugal – Associação Empresarial para a Inovação, com o Alto Patrocínio do Presidente da República. Não foi o único. Desde 2008, já foram distinguidos seis empreendedores portugueses.
As candidaturas para a quarta edição do galardão estão abertas até 26 de Março. Objectivo: distinguir os portugueses que se destacaram pelo seu papel empreendedor, inovador e responsável fora do país. Para Filipe de Botton, membro da direcção da Cotec e presidente do júri, há duas lições a reter. “Por um lado, o prazer genuíno que têm todos os que participam, por serem reconhecidos e acarinhados por Portugal.” Por outro, a rede de contactos que resulta do encontro entre os participantes e empresários portugueses.
Lançado em Fevereiro de 2008, o galardão visa estimular a cooperação entre Portugal e os países onde estão sediados os cidadãos nacionais. Para se candidatarem, os empreendedores devem residir no estrangeiro há mais de cindo anos. A receita para o sucesso parece simples: os empresários devem ser exemplos de integração nas economias em que operam. “É importante que os empreendedores conheçam bem o produto que querem vender, exportar ou comercializar. Além disso, devem ter uma enorme humildade, resistência e persistência grande, e saber direccionar de forma inovadora o seu produto, seja de que área for”, revela Filipe de Botton.
EUA e Brasil
São mais de cinco milhões os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro. Na edição de 2010, candidataram-se 81 portugueses provenientes de 26 países e dos mais diversos sectores de actividade. Isidro Fartaria, 55 anos, foi o grande vencedor. Presidente da Titel Holding, um grupo ligado à construção civil, presente em 11 países, incluindo Portugal, está em França desde os sete anos. Nessa mesma edição também foi atribuída uma Menção Honrosa de empreendedorismo social a Acácio Vieira, 36 anos, fundador e director-geral da Healing Wings, uma Organização Não Governamental (ONG) criada em 2000.
Desde 2008, candidataram-se 117 pessoas, provenientes de 30 países. Este ano, Filipe de Botton espera atingir as cem. Se isso acontecer, será “um sucesso”. Os países mais representados têm sido os Estados Unidos da América (EUA), com 27 candidaturas, o Brasil, com 15 e França, com 12. “Acho que é por uma questão cultural: são os países com que os portugueses se identificam mais, que estão mais próximos. O que me surpreende é não estarmos representados nos 192 países onde residem os cinco milhões de portugueses que estão fora de Portugal”, comenta.
A maioria dos candidatos (87%) é do sexo masculino. Os sectores de actividade com maior representação são o empresarial e financeiro (27%), restauração e turismo (17%) e investigação e ciência (16%). Filipe de Botton explica que a maior dificuldade tem sido a escolha do vencedor. “A maioria dos participantes merece ganhar.” O júri classifica as candidaturas em função de cinco eixos de desenvolvimento e nem sempre é fácil encontrar apenas um vencedor. Em 2008, Carlos de Mattos e Fernando Ferreira foram os galardoados, e no ano seguinte foi a vez de Manuel Vieira e Paulo de Carvalho. “Todas as candidaturas se consideram vencedoras só pelo facto de virem a Portugal e serem reconhecidas pelo Estado Português. Isto já lhes dá a noção de que valeu a pena.”
A quem quiser entrar numa aventura “além-fronteiras” pela primeira vez, Filipe de Botton desaconselha o mercado espanhol. “É um mercado extremamente competitivo, muito fechado para as empresas estrangeiras, e que nunca recomendo como primeira experiência de internacionalização”. Para o presidente do júri, as estreias “lá fora” devem ser feitas em mercados mais interessantes, como o inglês. Importante é que estudem todas as vantagens competitivas antes de se aventurarem.
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