domingo, 5 de junho de 2011

Análise por Ricardo Rio - Quinta da Magantinha: Pelo sonho é que vamos


A história de Alzira e José Monteiro podia ser igual à de tantos e tantos outros empresários que não desenvolvem a sua actividade com o benefício adicional de estarem a concretizar as suas ambições numa área à qual tenham uma forte ligação emotiva – o que sempre traz um suplemento de determinação nas horas mais difíceis e um prazer redobrado nos momentos de sucesso.
Por acréscimo, deparavam-se com a ameaça agravada (mas recorrente nesta franja do tecido empresarial) de não conseguirem assegurar um processo de sucessão tranquilo face ao aparente desinteresse do seu filho em prosseguir o negócio dos pais.
A opção pela aquisição da Quinta da Magantinha e o enveredar pela actividade dos seus sonhos foi assim fruto das circunstâncias, mas tem na sua base dois factores determinantes para o sucesso de qualquer projecto: o empenho na concretização de uma ideia e a coragem para tomar decisões arriscadas, sem retornos garantidos (o que não equivale a uma tomada de decisão totalmente irreflectida ou sem sustentação).
No mais, o caso da Quinta da Magantinha merece alguns destaques adicionais.
O primeiro, porque existe de facto algum preconceito em torno do sector primário, para enaltecer a aposta na produção agrícola e para reforçar a dedicação e sacrifícios que estas actividades sempre exigem.
Em verdade, esta é uma área estratégica para o desenvolvimento do País, em que existem inúmeras oportunidades de negócio e, até, boas perspectivas de criação de emprego, faltando apenas a disponibilidade para abraçar este tipo de projectos por parte de empresários e potenciais colaboradores.
A segunda nota vai para a capacidade de identificação de oportunidades em sectores conexos com aquele em que a empresa está originalmente envolvida, como sejam neste caso a produção de compotas ou a exploração da vertente de turismo rural.
Para lá dos dotes culinários de Alzira, note-se que existia a vantagem óbvia do acesso ao abastecimento regular da matéria-prima necessária e a garantia da sua qualidade, depois reforçada com o acesso aos canais de escoamento da produção e a exploração de um nicho particular do mercado (no segmento gourmet).
Finalmente, merece aplauso o conjunto de iniciativas das entidades públicas no apoio aos produtores envolvidos neste sector, quer pelo seu significado económico, quer pela afirmação da cultura, história e tradições destes territórios, assim reforçando o seu potencial de atracção turística.

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