domingo, 5 de junho de 2011

"Ter uma Quinta, mexer na terra e produzir produtos hortícolas"


José e Alzira Monteiro tinham uma vida estabilizada – Uma casa própria, um pequeno negócio e um filho adolescente. Mas faltava algo… O concretizar de um sonho e por isso largaram tudo!
José e Alzira Monteiro são ambos naturais de Matosinhos e mesmo depois do casamento ficaram a viver neste concelho até aos 39 anos de idade. Nesta altura José tinha um pequeno armazém de produtos alimentares e tinha como objectivo que o seu filho, na altura com 18 anos, continuasse o seu negócio quando fosse apropriado. A recusa deste desafio por parte de Alexandre, filho de José, veio seguido de um outro “Porque não segues o teu sonho?” Foram estas as palavras estiveram na origem do que é hoje a Quinta da Magantinha.
“Ter uma quinta, mexer na terra e produzir produtos hortícolas” era uma vontade já antiga conforme afirma José, agora era um objectivo para esta família.
No jornal encontraram anúncios de três quintas, uma em Lousada, uma em Tondela e uma outra no Fundão. Optaram pela de Lousada por uma questão de proximidade. Escolheram a Magantinha , onde não havia nada, venderam tudo o que tinham e deram inicio a realização de um sonho.
Vir para Lousada significou uma mudança radical no estilo de vida a que estavam habituados. “Quando chegamos aqui só existiam as paredes exteriores da casa e silvados. Na quinta as únicas árvores de frutos que existam eram duas nogueiras. Tudo o que hoje existe foi construído por nós”.
Para poupar dinheiro foi desde inicio decido viver na quinta e por esta razão a família viveu três anos numa tenda de campismo de verão e de inverno.
“Como estava tudo muito degradado foi preciso muitas obras até a casa estar em condições de habitar. Foi uma altura muito difícil, pois estávamos habituados a ter todas as condições tais como casa de banho no quarto. Aqui não tínhamos água, chegamos a ter que tomar banho de regador. Foi uma altura difícil”afirmam.
As expectativas eram explorar a quinta em termos agrícolas, dedicadas especificamente a fruticultura e a viticultura. O Projecto foi estruturado principalmente com base na plantação de pequenos frutos (Amora, framboesa e groselha) e vinicultura. A primeira plantação rentável que tivemos foi 1 hectare de Framboesa.
Hoje é com orgulho que olham para tudo o que conseguiram construir, primeiro a casa e depois a quinta. Valeu a pena? Ainda não possuem uma resposta definitiva para esta questão pois apesar de terem vendido duas casas que possuíam foi também necessário recorrer ao crédito bancário do qual ainda existem compromissos muito elevados. No entanto há de certeza um ganho incalculável – Qualidade de Vida. Quando por alguma razão tem que voltar a Matosinhos, só pensam em voltar “Tanto eu como a minha família sentimo-nos bem aqui em Lousada, na “nossa terra” afirma José.
Hoje apostam fundamentalmente na vinha, embora a quinta conte com meio hectare de kiwi, meio hectare de framboesa e um pomar com varias qualidades de fruta.
A qualidade da fruta que produzem e o gosto pela cozinha sobretudo pelas sobremesas de Alzira levou à produção de compotas, geleias, marmeladas, bolos e outras sobremesas com a marca Magantinha. “Estamos nesta actividade há 15 anos, mas se não tivéssemos começado a transformar a nossa fruta, em compotas, geleias e marmelada, já tínhamos abandonado este sector” afirma José.
Actualmente toda a fruta produzida nesta quinta é transformada (através de processos artesanais) como destino ao sector gourmet. Podemos encontrar os produtos Magantinha na região do Vale do Sousa, principalmente em lojas de produtos regionais e nas Cooperativas agrícolas da região. A quinta está incluída nas Rotas Gourmet , uma iniciativa da Câmara Municipal que pretende dar a conhecer ao grande público a gastronomia do concelho, bem como, o património local, potenciando a divulgação dos produtos produzidos.
A Magantinha é também uma das quintas que fornece produtos para o Cabaz Prove. Estes são cabazes recheados de produtos hortícolas e frutícolas da região. Este projecto que visa estimular a produção tradicional e de qualidade ao mesmo tempo que promove as relações de compromisso, solidariedade e ética entre quem produz e quem consome. Para além da certeza de comprar fresco e viçoso, os clientes do Prove estão também estar sujeitos ao elemento "surpresa" pois os cabazes não são iguais de semana para semana uma vez que a elaboração dos mesmos está sujeita à época do ano e à oferta que cada produtor tem para a semana em causa.
Quando questionado sobre como é ser agricultor em Portugal, José afirma sem rodeios “É muito difícil ser agricultor neste país, não se dá o devido valor aos agricultores, mas acho que é a profissão mais nobre do mundo. É importante que se pague o justo valor a produção”
O profundo amor a agricultura é o que leva estes empresários a saltarem da cama todos os dias pelas 6 da manhã e darem inicio a mais um dia de trabalho duro, dedicado ás colheitas, podas, tratamentos e produção de compotas, contando sempre com a ajuda do filho.
No que se refere ao futuro este será sempre na agricultura mas em actividades de transformação dos seus produtos (fruta e produção de vinho) e posteriormente desenvolverem um projecto de turismo agrícola.
Para os empreendedores que pretendam entrar neste sector, deixam-nos a seguinte mensagem “Lutem para atingirem o objectivo pretendido. Mas principalmente ingressem nesta actividade se realmente gostarem, caso contrário será muito mais difícil de vencerem.”

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