Pelo menos dois milhões e 300 mil cidadãos angolanos, com idades compreendidas entre 18 e 64 anos, possuem um negócio novo, mas a maioria está voltada para o comércio, revela um relatório baseado num estudo sobre empreendedorismo, denominado “Global Entrepreneurship Monitor (GEM) Angola”, apresentado ontem em Luanda.
Segundo o relatório, que se refere a 2010, a Taxa de Actividade Empreendedora (TEA) em Angola é elevada, porque há muita gente envolvida em negócios, mas muitos desses são de “necessidade”.
De acordo com as análises do estudo, muitos negócios têm vida efémera, pois desaparecem devido à ausência de resultados positivos e também por falta de financiamento. O relatório menciona que a TEA registada no ano passado, em Angola, foi de 31,9 por cento, o que significa que aproximadamente 32 angolanos em cada 100 são novos empreendedores. Esta cifra é a quinta mais elevada entre os 59 países e territórios estudados pelo Projecto GEM em 2010.
O relatório refere ainda que o resultado obtido por Angola, sendo alto, pode ser enquadrado mais convenientemente no contexto específico de economias orientadas por factores de produção. Por outro lado, realça que o valor médio da TEA nestas economias é de 22,7 por cento, o que coloca Angola consideravelmente acima da média dos países em desenvolvimento.
Comparativamente ao valor médio da TEA nas economias orientadas para a eficiência e para a inovação, a diferença é, respectivamente, de 11,7 por cento e 5,6 por cento, o que deixa transparecer ainda mais a magnitude do valor registado em Angola.
O GEM estima que o aumento na actividade empreendedora tenha relação com os constrangimentos económicos e financeiros que afectaram o país em 2009 e 2010, influenciados pela descida do preço do petróleo e pela crise internacional.
“Esta conjuntura limitou a disponibilidade de investimentos do Governo e das empresas privadas, tendo contribuído para a diminuição da criação de emprego dependente. Assim, uma parte considerável da população activa viu-se na obrigação de procurar as fontes alternativas de rendimento, optando pela criação do seu negócio”, cita o relatório do GEM.
A elaboração e apresentação do relatório coube à Universidade Católica de Angola, Banco de Fomento Angola (BFA) e Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI).
O projecto GEM resulta de uma iniciativa conjunta do Babson College (EUA) e da London Business School (Reino Unido), e a primeira edição deste estudo ocorreu em 1999, tendo contado com a participação de 10 países.
Em 2005, as duas entidades transferiram o capital intelectual do GEM para a Global Entrepreneurship Research Association (GERA), uma organização sem fins lucrativos gerida por representantes nacionais, das duas instituições fundadoras e de instituições patrocinadoras da iniciativa.
Em 2010, o GEM contou com a participação de 59 países, incluindo Angola, pela segunda vez.
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