O Prémio Solvay para as áreas da Química, Engenharia Química, Materiais e Ambiente foi entregue ao projeto "Dye-Sensitized Solar Cells: A New Vision For Making It A Competitive Technology", desenvolvido por Adélio Mendes, Luísa Andrade e Joaquim Gabriel.
Segundo Adélio Mendes, "a ideia do projeto surgiu duma conversa com o Eng. Alberto Barbosa, da Efacec. Na altura, em finais de 2007, sugeri a possibilidade de se desenvolver uma tecnologia diferente, inovadora e promissora de células fotovoltaicas, as células sensibilizadas com corante ou em inglês dye-sensitized solar cells (DSC)", disse à VE.
A ideia desenvolvida pela equipa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto incide na produção de energia através de painéis fotovoltaicos, instalados nos vidros dos edifícios, com uma configuração singular em vidros duplos. O projeto visa o desenvolvimento de células fotovoltaicas, ambientalmente sustentáveis, que permitem amortizar o preço dos painéis pelo consumo da energia elétrica que é produzida.
Trata-se de uma tecnologia ainda não disponível comercialmente, facto que "permitiu acreditar que seria possível à Efacec ir buscar à cadeia de valor uma fração mais significativa". Por outro lado, explicou, "as DSC apresentam-se como a tecnologia ideal para integração em edifícios. Estas são bonitas, têm a capacidade de aproveitar melhor a radiação difusa que as células tradicionais de silício, e tinham uma previsão de custos de fabrico também muito favorável".
Produção em massa arranca em 2015.
O calendário previsto estabelece que "até meados de 2012" serão produzidos protótipos laboratoriais de DSCs "com uma área de cerca de 1 m2". A partir destes protótipos "deverá avançar-se para o licenciamento não exclusivo de algumas das tecnologias desenvolvidas, e a captação de financiadores".
Em 2013 deverá arrancar "a montagem duma fábrica e em 2014 deverão ser disponibilizados os primeiros módulos fotovoltaicos DSC. Entretanto, já em 2012 deverão ser disponibilizadas comercialmente pequenas células fotovoltaicas", resumiu aquele investigador. Em 2015 "é expectável que todos os processos de fabrico estejam já afinados e que se possa iniciar a produção em massa destas células". A montagem e arranque da fábrica original, com uma capacidade anual de 2 MW, deverá custar cerca de três milhões de euros.
Em termos gerais, "o principal mercado das DSC é a sua integração em edifícios, tendo um potencial económico enorme". Estudos preliminares indicam que estas células, quando integradas em vidro duplo, deverão ter um custo de cerca de duas a três vezes superior ao custo original do mesmo vidro duplo.
Enquanto empreendedor, Adélio Mendes refere que o lançamento de uma nova tecnologia "tem um custo de fabrico inicial superior que vai diminuindo com a amortização dos investimentos e com o aperfeiçoamento dos processos de fabrico e do produto".
Com "a descida acentuada do preço das células de silício, a margem possível de venda das DSC começa a diminuir. Desta forma, a necessidade de um investimento maciço inicial para o amadurecimento mais rápido da tecnologia vem comprometido".
Adélio Mendes é autor ou coautor de mais de 150 artigos internacionais com revisão e de 18 famílias de patentes. Tem sido investigador principal em projetos financiados pela FCT, AdI, Comissão Europeia e por empresas Nacionais e Internacionais, entre elas a EFACEC, CUF-QI, CIN, UNICER, Tomorrow Options, AirProducts and Chemicals (EUA), NASA (EUA).
Luísa Andrade desenvolve atividades de investigação na área de células fotovoltaicas (Células de Grätzel), células fotoelectroquímicas para produção de hidrogénio e gás de síntese e em fotocatálise.
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