quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Liderar em tempos de vacas Magras


É, normalmente, em tempos difíceis que se observam as práticas das melhores e novas lideranças. Na guerra, na luta ou na crise, a história repete-nos a figura do Líder das “vacas magras”. Ao contrário daquele que se destaca nos períodos calmos, de rotina ou crescimento sustentado, este actua em cenários de absoluto desconforto.
O que mais espanta é que, em tempos de mudança e de crise, se repitam slogans ou máximas que limitam a visão da realidade actual. É por isso que temos de destruir alguns mitos:

Mito #1 – “Em Tempos de Crise não há Democracias”

Há quem goste de repetir à exaustão esta máxima, sublinhando, frequentemente, a importância de adaptar estilos de liderança às situações. É um puro engano! A questão não está em existir uma só voz. E muito menos em comandar de forma mais firme as pessoas. O grande desafio reside em todos perceberem bem o seu papel, o contexto e terem espaço para poderem ler ou interpretar a realidade em que dão respostas. Algo que uma obediência cega não permite.
Há pouco tempo, num exercício de treino com uma equipa num barco à vela, e perante condições climatéricas desconfortáveis, um dos elementos da tripulação percebeu que existia perigo em algumas manobras com as velas e perguntou ao skiper :
“Meu comandante! Existe alguma palavra especial para avisar que há perigo aos meus colegas?”.
Do outro lado a resposta foi – “Sim. Todos saberem o que está a acontecer!”

Mito #2 – “Excelentes Líderes entregam Excelentes Resultados

Acredito que existem duas dimensões no sucesso – resultados alcançados no negócio e a satisfação das pessoas. Ao líder não basta saber para onde ir e chegar lá, as pessoas têm de querer segui-lo e fazer com que as coisas aconteçam. Algo que só é possível se ele respeitar cada um individualmente. Se ele perceber que impactos produz, os quais estão directamente relacionados com os valores e comportamentos que privilegia na sua actuação.
Não é por acaso que algumas equipas ganhadoras (entregam resultados), têm de lidar com a saída de praticamente metade da equipa, insatisfeita, com o estilo de liderança.

Mito #3 – “A Liderança vem de Cima.

Muitas organizações de sucesso alcançam a eficácia graças à capacidade das lideranças intermédias mobilizarem as pessoas na linha da frente. A Liderança sempre foi, e é, uma opção das pessoas e não um lugar onde se sentam. Cada um pode liderar em qualquer posição da organização, e quando o fazem, melhoram os seus níveis de rendimento. Nomeadamente, quando estão situadas a um nível intermédio, pois tornam a empresa mais ágil, magra e rápida.
Ao contrário do mundo militar tradicional, o grupo de Marines nos EU acredita que deve formar líderes desde a base. Porque na guerra, todos têm de ser líderes. Todos têm de ter a iniciativa e tomar decisões acertadas em contexto de risco elevado. Tal como uma empresa, numa realidade turbulenta e complexa.

Mito #4 – “Em momentos de Crise o Líder deve criar Sentido de Urgência.”

Um líder está sempre no palco com público à sua frente. Os seus comportamentos “contam histórias” - como dizia Walt Disney.

Em resultado, ele constitui um amplificador, para o bem e para o mal. Num momento de tensão se a equipa olha para ele e o sente assustado, ele pode provocar o pânico. Tal como, se num momento de conforto o sentir relaxado, a equipa tende a adormecer.
Nunca me esqueço de uma viagem de longo curso para Nova Iorque logo após o 11 de Setembro. Uma das passageiras teimou em acusar um outro passageiro de um comportamento suspeito a bordo. A tripulação do avião expressou, também, algum alarme perante a situação. A partir daqui foi um verdadeiro contágio. Esta preocupação foi ampliada para todos os passageiros. Até que o comandante veio ao meio do corredor falar com as pessoas envolvidas, com uma atitude calma e serena. Os níveis de ansiedade foram estabilizados.

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