quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Oportunidades de empreender em mercados Emergentes
Num paralelo com a ciência dos mercados, em que o veterano Philip Kotler (Phd) enunciou como pilares do marketing ,os 4”P’s” (price, product, promotion e placement) podemos considerar quatro factores que começam por “D”, nuns claros 4”D’s” dos mercados emergentes “à portuguesa”. Distância , diferença, dificuldade e durabilidade numa aplicação ao investimento em ditos mercados emergentes. Factores de oportunidade ou dificuldade e não, naturalmente, instrumentos de análise para risco de investimento.
Uma primeira análise prévia à abordagem ponto por ponto de cada um dos “D’s”, será pensarmos analisticamente o que é um mercado emergente. Quem nunca ouviu ou leu a sigla "BRIC’s" para enunciar os mercados Brasil, Russia, India e China? Estes mercados já não são considerados emergentes desde 2005, há 6 anos. Em 2007 começaram a ser cotados como mercados emergentes o leste europeu, todo o norte de Africa, toda a América do Sul (exceptuando o Brasil) alguns países do golfo da Guiné e ilhas da zona do casamento do Índico com o Pacífico. Se visionarmos hoje em dia, consideramos naturalmente os PALOP’s e ficamos estupefactos, por apenas há 4 anos, termos considerado todo o norte de Africa apetecível e estável politicamente para serem olhados com atenção ao investimento e capital externo. De notar que um regime totalitario e/ou ditatorial, ironicamente era sinónimo de estabilidade...
Basicamente, e por exclusão de partes nestes ultimos 6 anos, à excepção dos América do Norte, Europa e Austrália (porque já foram países consolidadamente emergentes) e África central (porque ainda não chegou a esse estatuto) todos os outros já foram designados como tal. Como em qualquer actividade financeira, tem que se ter em conta que regulador de mercado está a fazer tal nomeação (exemplos recentes da Moodys, Fitch, Lehman, Dexia, and so on) deixam-nos livres de imaginar qualquer cenário de conveniência.
Absorva o mapa geo-político do norte de África hoje em dia. Presuma-se a que outros países podem alastrar estes “riots” e motins. Imaginaria a humanidade, poder acontecer em seis cidades de Inglaterra simultaneamente? E Angola estar sobre alerta por uma possível revolução social (esta talvez mais previsivel)? E quem tivesse investido na sólida economia Japonesa, Iraniana, Italiana, e outras asiáticas que por fenómenos naturais ficaram devastadas?
São condicionantes que levam a pensar os sempre naturais “D’s” do investidor nestes mercados. Os imprevistos naturais, políticos, sociais podem ser premeditados, podem ser pré-anunciados, podem ser factores de risco, ou não. Os “D’s” são eternos em qualquer estratégia.
Os quatro D’s, intrinsecamente de juntam.
A distância pode ser um factor de diferença, uma dificuldade e o motivo de uma pouca durabilidade, pese embora as tecnologias e as comunicações de hoje em dia inibirem cada vez mais esse factor em certos sectores. Muitos outros, ainda dependem e bastante de uma proximidade para o bom desenrolar do negócio.
As diferenças é que facilmente se encontram com as dificuldades.
Diferenças horárias, câmbiais, métricas, culturais, linguísticas, de costumes, são as que de uma forma geral mais dificuldades se deparam aos empresários.
Mínimos erros nestas situações, podem ser ruinosos para para qualquer investimento.
O que para nós, portugueses, algumas situações podem ser completamente “disparatadas” ou anormais, em certas culturas, são absolutamente essenciais e de respeitar. Como encarar um grupo de chineses que numa reunião ficam em silêncio minutos que parecem horas, a olharem nos olhos para uma pessoa do outro lado da mesa, porque é um ritual deles avaliarem assim o caracter de um ser humano? Ou simplesmente não entregar um cartão de visita com as duas mãos no Japão? Ou vestir algo de cor amarela na China, quando só o imperador se veste assim? Ou não fixar um câmbio correctamente numa economia de grande volatilidade inflacionária? Ou não andar motorizado em África? Ou esquecer-se do adaptador de tomadas e não poder recarregar o portátil para a reunião daqui a umas horas? Ou reagir mal ao jet-lag? E uns inúmeros mais exemplos que poderiam ser citados, deixando facilmente um apelo à imaginação de cada um.
Estas dificuldades é que por vezes teimam em dificultar a durabilidade. O cansaço que geram, as falta de resultados imediatos que se necessita, o investimento de estar longe. Nem sempre a durabilidade sustenta um bom negócio. É preciso sempre que o sentido de oportunidade e perspicácia funcionem. Quem vende fatos de banho no Inverno? (possivelmente nos aeroportos seria uma ideia). E os cenários de guerra, quanto lucro geram a milhares de empresas? Veja-se hoje em dia as casas que compram ouro, os negócios low-cost e as casas de “chineses” o quão proliferam em todos os meios. Um ginásio low-cost que ainda não foi lançado em Portugal, já tem a lotação esgotada. Não será por mero acaso que a Ryanair enviou há pouco tempo à administração da TAP o livro “gestão para totós”...
Em súmula, não restam dúvidas que qualquer estudo de mercado e indicadores macroeconómicos são importantes num plano de investimento estrangeiro, mas conhecer o terreno, o “feeling” e os rituais de cada povo, é claramente uma informação muito mais priveligiada.
Não há certezas é quando a natureza, seja ela humana ou selvagem, nos rasteia ou nem sempre apresenta os melhores indicadores. Saiba-se ler os interstícios do mercado e ouse-se arriscar.
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