domingo, 6 de novembro de 2011

10 conselhos que os empreendedores devem ignorar

Saiba de quais palpites fugir na hora de abrir sua própria empresa

O empreendedorismo não precisa nem deve ser uma atividade solitária. Quem quer abrir uma empresa, deve conversar com o máximo de pessoas possível. Isso ajuda a enxergar pontos de vista diferentes e até aprender um pouco com a experiência dos amigos e familiares.

O problema é que muita gente gosta de dar palpites aos novos empresários que podem ser ruins para o negócio. Os palpiteiros de plantão geralmente não conhecem sobre o seu mercado, nunca se arriscaram em uma empresa própria e podem até dar dicas que trazem problemas legais.

Marcio de Oliveira Santos Filho, especialista em empreendedorismo, associado da Inseed Investimentos e coordenador do Desafio Brasil, e Reinaldo Messias, consultor do Sebrae/SP, sapontam alguns conselhos que os empreendedores costumam ouvir, mas devem ignorar.

1. "Atire para todos os lados”

As pequenas empresas, em especial durante o estágio inicial, precisam definir com clareza qual será seu foco de atuação. Tentar atingir vários públicos pode ser um desvio e prejudicar a rentabilidade do negócio. “Esse tipo de conselho é para tirar o empreendedor do foco e deve ser encarado como uma distração”, diz Filho. A sugestão do especialista é que os empreendedores tenham claro qual o foco central do negócio e fazer de tudo para alcançá-lo.

2. “Copie quem faz sucesso”

As compras coletivas são um bom exemplo de como correr para um mercado que está dando certo para alguns pode ser uma roubada. “As pessoas dizem que tem muita gente abrindo negócios deste tipo e ganhando dinheiro, o que não é garantia de sucesso”, explica Messias. O consultor alerta que os modismos podem ser perigosos e o investimento no negócio pode não dar retorno nenhum depois que a moda passar.

3. "Eu conheço um contador que pode te ajudar a pagar menos impostos"

O que parece uma vantagem pode se transformar em um pesadelo com o tempo. Por isso, fuja de conselhos para resolver as coisas com 'jeitinhos'. “Esqueça esse tipo de conselho na hora de abrir o seu negócio e faça tudo legalmente. Você não quer esse problema na hora de vender sua empresa”, explica o especialista. O melhor conselho é arrumar um bom contador e um advogado que saibam defender legalmente os interesses da sua empresa.

4. "Não perca tempo planejando”

Em negócios extremamente novos e inovadores, quando não há mercado para analisar e comparar, o planejamento pode atrasar o lançamento. Em empresas mais tradicionais, quando há centenas de concorrentes disputando o mercado, dispensar o planejamento pode ser muito perigoso. “Há uma chance 30% maior de sobreviver no mercado quando você planeja”, conta Messias, do Sebrae/SP.

5. "Faça isso e adicione aquilo também"

Um dos principais conselhos de quem entende de negócios é pesquisar o mercado e focar em um público e produto específicos. Os aspirantes a conselheiros, por outro lado, incentivam os novos empresários a ampliarem cada vez mais o leque de atuação. “Os empreendedores devem dar preferência para desenvolver e testar os mercados passo-a-passo, sem querer abraçar o mundo. É impossível criar uma grande empresa da noite para o dia”, alerta Filho.

6. “Prepare-se para não ganhar dinheiro no começo”

Depois de meses e meses no vermelho, o empreendedor costuma ouvir que negócio é assim mesmo e não dá dinheiro no começo. Os especialistas alertam que toda empresa tem um período de maturação, mas o empreendedor deve conhecer e agir se o retorno não vier no tempo esperado. “O empresário precisa ver como está a evolução das vendas frente ao que foi previsto para avaliar como o capital de giro está sendo consumido”, ensina Messias.

7. "Vou te apresentar um investidor com bastante dinheiro”

Conseguir um investimento para fazer o negócio andar não é uma tarefa simples. Mais do que os recursos financeiros, os empreendedores precisam escolher o investidor que pode ajudar o projeto a crescer, seja com gestão ou networking. “Verifique se os investidores indicados realmente podem agregar ao seu negócio”, explica o especialista em empreendedorismo.

8. “É melhor comprar à vista para garantir um bom preço”

Para muita gente, um desconto na compra à vista parece compensar. A dica dos especialistas é, sempre que possível, receber antes e pagar depois. “Assim, você consegue conciliar os prazos de compra e venda e garante o melhor fluxo no seu capital de giro”, explica Messias.

9. "Contrate alguém bom para tomar conta da empresa"

Há quem diga que os empresários não devem se preocupar em ficar 100% envolvido no negócio. Para Filho, este conselho é mais uma roubada. Se os proprietários não acompanham de perto o desenvolvimento da empresa, não podem medir como está o andamento do negócio.

“O empreendedor que não acompanha o seu próprio negócio de perto não tem a menor ideia de como funciona a empresa”, diz. É importante ter um gerente eficiente, mas estar envolvido ajuda a avaliar se seu posicionamento está adequado e se as pessoas contratadas são de confiança.

10. “Formalize a empresa depois que o negócio der certo”

A informalidade ainda é um dos principais problemas do empreendedorismo brasileiro. Apesar de programas que facilitam a formalização, alguns empresários esperam o negócio dar certo para abrir a empresa legalmente.

"Quando você formaliza a empresa, precisa começar a pagar impostos corretamente. Pode ser que sem as taxas o negócio dê resultado. Quando acrescentar a carga tributária, ele pode não sobreviver”, alerta o consultor do Sebrae/SP.

Desafio Ousar estimula empreendedorismo nacional

Está de volta o Desafio Ousar com a sua segunda edição e vai apoiar a criação de dez novas empresas. Quem quiser criar o seu negócio pode submeter a sua ideia a este concurso até 16 de dezembro. Pedro Almeida e Natália Rego são um exemplo de que arriscar compensa. Em 2009 participaram na primeira edição desta iniciativa e viram os seus projetos singrar. Explicam na primeira pessoa como é que um concurso como este contribui realmente para dinamizar o empreendedorismo nacional.

O apoio ao empreendedorismo e à inovação é o objetivo principal do Desafio Ousar que está de volta este ano e vai apoiar a criação de novos negócios. As melhores ideias serão apoiadas com prémios pecuniários, consultoria e assistência técnica, incubação, mentoring e ajuda na procura de financiamento. Podem concorrer jovens de forma individual ou em equipa, com idades entre os 18 e 35 anos da zona norte e centro do país. Promovido pela AIMinho – Associação Empresarial, a primeira edição deste concurso decorreu entre 2009 e 2010 e teve 236 candidaturas, das quais resultaram 20 novas empresas e 40 postos de trabalho.

A ANR – Applied Neurobehavioural Research e a Atelier Atelier resultaram deste desafio.
“Concorremos ao Ousar no sentido de perceber se a ideia que tínhamos fazia sentido aos olhos das associações empresariais ou se era descabida”, conta Pedro Almeida que em conjunto com Bruno Ribeiro, Pedro Chaves e Francisco Marques Teixeira criaram a ANR que atua na área de estudos de mercado e investigação em neurociência cognitiva aplicada. Explica que o Ousar constitui um processo muito fácil e desburocratizado de formalizar e estruturar ideias. “Muitas vezes a participação formal num evento deste género dá o ‘push’ aos promotores para passarem à ação e se envolverem a sério nos seus projetos”, acrescenta Pedro Almeida.

Há um ano que os empreendedores estão a preparar devidamente a estrutura e a amadurecer a ANR, cuja atividade vão iniciar em novembro com a prestação de serviços no domínio clínico. No âmbito deste concurso, tiveram acesso a apoio na execução do plano de negócios e aconselhamento jurídico. Para além dos apoios a que formalmente tiveram direito, sentiram-se bastante acompanhados por parte da AIMinho que facilitou o contacto com business angels e outras empresas. A visibilidade que a participação no Ousar deu aos empreendedores foi também fundamental para algumas das parcerias que estabeleceram. A quem quer avançar com a criação de um negócio próprio Pedro Almeida aconselha a “se têm uma boa ideia, formalizarem-na e colocarem-na no mercado para perceber qual o feedback e agir de acordo”.

Tal como a ANR, também a Atelier Atelier que se dedica ao design, decoração e remodelação de interiores, criada por Natália Rego e Teresa Araújo, resultou do Desafio Ousar. “Ajudou-nos a planificar a nossa estratégia, a organizar ideias e a termos uma melhor perceção dos nossos pontos forte e fracos, para conseguirmos gerir essa informação de uma forma cuidada e pensada”, refere Natália Rego. Acrescenta que o aconselhamento que têm tido é muito importante, pois os negócios são paradigmas e processos evolutivos. Na perspetiva de Natália Rego “ser empreendedor em Portugal é muito difícil, principalmente em tempo de crise, pelo que o apoio de programas como o Desafio Ousar é fundamental. Não que torne as coisas fáceis, mas de facto atenua muitas barreiras”.

O grande problema da maioria das empresas é o crescimento das mesmas de uma forma desorganizada e desestruturada. Para Natália Rego, desafios como estes ajudam os novos empresários a criarem empresas com bases bastante sólidas e por isso com maiores probabilidades de singrarem numa altura em que tanto se fala de crise. O facto de termos desenvolvido um plano de negócios com a ajuda do desafio ousar ajudou a consolidar os pontos fortes da Atelier Atelier que já está no mercado há quase um ano. A quem quer criar a sua empresa Natália Rego aconselha a ser organizado e a ponderar todas as decisões a tomar. “É importante conhecer os nossos concorrentes, saber em que mercado estamos a entrar e como fazê-lo”, finaliza a empreendedora.

No Desafio Ousar são consideradas ideias de negócio de qualquer setor de atividade, sendo a área das tecnologias de informação, da comunicação e da eletrónica; biotecnologia, saúde e bem-estar; energia e indústrias criativas as preferenciais. A candidatura é realizada integralmente online em www.ousar.pt. Esta segunda edição vai contar uma novidade: o clube de mentores que com a sua experiência, conhecimento e rede de contactos irão ser mentores das ideias vencedoras.

O empreendedor, o inovador e o pequeno empresário

Há um certo tempo, comecei a notar uma confusão generalizada entre os termos pequeno empresário, empreendedor e inovador. Parte da mídia e do meio acadêmico considera que os três elementos estão visceralmente ligados, sendo usados quase como sinônimos. Sim, há uma correlação entre as palavras, mas elas querem dizer coisas completamente diferentes. Usá-las sem critério pode ser perigoso por distorcer a realidade e gerar leituras míopes, que podem acabar balizando, erroneamente, as políticas públicas e privadas para o desenvolvimento das PMEs.

O Brasil tem cerca de 6 milhões de negócios de pequeno e médio porte. Eles somam 99% das empresas do país e, naturalmente, não podem ser classificados em uma única categoria. A maioria dos pequenos é formada por negócios comuns, que pouco têm de inovação. Está muito disseminada a imagem romântica do pequeno empresário que vai revolucionar a sociedade com um achado tecnológico. Mas poucos humanos são como Mark Zuckerberg, fundador do Facebook. A maior parte dos pequenos atua em setores mais tradicionais da economia, como varejo, serviços e indústria. A tecnologia não é sua atividade-fim. No fim do dia, eles só querem fechar o caixa com dinheiro suficiente para manter o negócio funcionando e gerar algum lucro.

Não é demérito nenhum ter um negócio que não seja tecnológico ou inovador. O Brasil tem um mercado interno gigantesco e comporta muitas novas empresas, apesar da concorrência pesada. Ter uma startup digital não é a única maneira de ter sucesso nos negócios (aliás, não é garantia nenhuma). Mas quem está antenado no mundo do empreendedorismo pode acabar induzido a esse raciocínio errado.

O que vejo em reportagens, trabalhos acadêmicos e até no discurso do presidente norte-americano Barack Obama é a falta de distinção entre o que é um empreendedor, um inovador e um pequeno empresário. Pesquisas de diversos institutos tratam de empreendedorismo e inovação como se fosse um tema sem nuances. Colocam todos os tipos de negócio no mesmo balaio e fazem ponderações generalistas. Os teóricos preconizam que o empreendedor é a pessoa que assume grandes riscos econômicos e cria produtos e negócios que tornam os anteriores obsoletos. Não vou discutir a semântica dos termos. Mas se só pudermos chamar de empreendedor aqueles que conseguiram dar algum salto de inovação, nosso número de empreendedores seria infinitamente menor.

Esse debate ainda estava nebuloso em minha cabeça, até que li trechos de um estudo feito pelos pesquisadores Erick Hurst e Benjamin Wild Pugsley, da Universidade de Chicago, uma das mais influentes do mundo no que se refere a estudos econômicos. No artigo O que as pequenas empresas fazem?, os estudiosos enfatizam a confusão entre os termos e concluem que a maior parte das pequenas empresas americanas não é composta por geeks tentando abrir uma startup no Vale do Silício, mas sim por proprietários de postos de gasolina e pequenos comércios, mais temerosos que desejosos pela inovação.

O objetivo do estudo era mostrar um erro fundamental na política do governo norte-americano para ajudar as pequenas empresas a ampliar o número de empregos no país. Para eles, a discussão é importante porque o estado está injetando milhões de dólares para beneficiar as pequenas empresas, com a esperança de que um efeito cascata de prosperidade surja com a manobra. Segundo os acadêmicos, a retórica de que os pequenos negócios são os mais inovadores peca por não diferenciar a natureza destas companhias, e o dinheiro pode estar sendo desperdiçado quando destinado a negócios que não têm condições nem pretensões de crescer e gerar mais empregos.

Para nós, a discussão é valida para acabar com a confusão. Não sou pretensioso a ponto de cravar qual seria a definição mais precisa para cada um dos termos. Sou capaz, porém, de fazer algumas inferências. Muitas pequenas empresas são inovadoras, mas nem todas precisam inovar. Quem luta para abrir um negócio no Brasil e vence todas as dificuldades certamente é um empreendedor. Mas não é, necessariamente, um inovador. Quando ler uma reportagem com informações relevantes sobre empreendedorismo e inovação, o dono do negócio deve se perguntar: sobre qual tipo de empresas estão falando? São negócios tecnológicos ou não? Será que eu me encaixo nesse tema?

Não estou aconselhando ninguém a não inovar. Nem estou dizendo que as pesquisas sobre empreendedorismo estão erradas. Só busco lentes que tragam mais clareza para a situação. Uma preocupação minha é com os donos de negócios considerados comuns, para que não se sintam diminuídos se não se identificarem com os perfis empreendedores exaltados na mídia e nos estudos acadêmicos. Há muitos tipos de negócio. Embora alguns sejam mais cativantes no momento, todos são importantes. Outro ponto é levar a discussão aos leitores. Não é necessário um pouco mais de precisão para tratar desses assuntos?

Acções do Documento CONCLUSÕES DA SEMANA DO EMPREENDEDORISMO 2011

Foi uma semana rica em actividades de sensibilização, networking, partilha, demonstração e disseminação.


Este ano, o mote foi mais uma vez a motivação empreendedora em rede e por isso, assumimos a Semana do Empreendedorismo 2011, com actividades em vários concelhos do país (Marinha Grande, Pombal e Oliveira de Azeméis). Aos presidentes dessas Autarquias, o nosso agradecimento.

A Semana do Empreendedorismo 2011, envolveu cerca de 500 participantes (empreendedores, estudantes e professores, empresários, técnicos da indústria, parceiros institucionais e decisores políticos, comunicação social e stakeholders na generalidade).

Os temas da semana envolveram cerca de 40 comunicações e apresentações formais, que agradecemos desde já a disponibilidade e contributo de todos os intervenientes para o sucesso desta iniciativa.

Principais conclusões:

A Nossa Região e Indústria continuam a ser caracterizadas pela sua capacidade empreendedora e de networking;

A OPEN assume-se como um espaço de oportunidades, suportada por uma rede de competências e de parcerias, que tornam esta incubadora um “solo fértil para a germinação e desenvolvimento de novas ideias e projectos empresariais”;

A OPEN continua a assumir o empreendedorismo como a saída para o futuro e desenvolvimento, de pessoas e competências, da indústria e do país;

A OPEN e o seu Clube de Business Angels, estão disponíveis para continuar a apoiar ideias de negócio e empreendedores, na alavancagem dos seus projectos empresariais. Contudo, torna-se crucial e urgente que se apresentem novos instrumentos de apoio ao empreendedorismo, ao nível do “seed capital”, como por exemplo, os “Vales de Empreendedorismo” há muito reivindicados junto dos poderes públicos;

As incubadoras nacionais, são um activo infraestruturante da nossa economia, contudo, o carácter pré-competitivo da sua missão, necessita de alinhamento na acção e suporte entre os agentes do terreno e os instrumentos de politica pública, de forma a dar consistência á estratégia nacional de inovação e empreendedorismo;

A inserção de empresas em redes de inovação e internacionalização é hoje um factor crítico de sucesso para a iniciativa empresarial. Neste contexto, o ecossistema do qual a OPEN faz parte, é claramente uma mais-valia que deve ser explorada pelas empresas;

A responsabilidade social das empresas, organizações e dos cidadãos, é um elemento central na competitividade das empresas e das regiões, quer ao nível da competitividade das empresas, que da promoção e competitividade das regiões e do país. Ficou bem patente nesta semana, que existem boas práticas de responsabilidade social nas empresas nacionais, contudo, nem sempre estão claramente formalizadas, e como tal apresentam-se como pouco visíveis para os stakeholders;

O empreendedorismo intra-empresa é um activo crucial à competitividade das empresas. Neste contexto, o processo tradicional de evolução das chefias intermédias (técnicos que ascendem naturalmente a coordenadores/chefes), merece atenção especial no que diz respeito à formação e ao desenvolvimento de novas competências de motivação, liderança, coordenação e controlo. Esta é claramente uma oportunidade para a qualificação dos nossos empreendedores.

O empreendedorismo tem de continuar a ser trabalhado nas escolas e desde a mais “tenra idade”. A OPEN, com as restantes incubadoras da RIERC assumem claramente esta missão, promovendo acções de grande alcance junto das escolas secundárias, politécnicos e universidades, mas também junto da sociedade em geral, motivando, sensibilizando e apoiando o estímulo ao empreendedorismo.

Odemira: Autarca defende incentivo ao empreendedorismo para promover desenvolvimento sustentável

Os investimentos públicos em infraestruturas nos territórios de baixa densidade populacional não são suficientes para fixar população, diz o presidente da Câmara de Odemira, que defende a promoção do empreendedorismo na região. José Alberto Guerreiro falava durante a sessão de abertura do Congresso Regional do Baixo Alentejo sobre o "Desenvolvimento Sustentável nos Territórios de Baixa Densidade". Uma das dificuldades com que estes territórios se deparam, segundo apontou o autarca, é o esforço financeiro mais acentuado de qualquer entidade, pública ou privada, na altura de concretizar ou manter um projecto. O chefe do Gabinete do Secretário de Estado da Economia e do Desenvolvimento Regional, Álvaro Santos, que participou na sessão de abertura do congresso em representação do governante, deixou a mensagem de que o estímulo ao investimento privado nas áreas de baixa densidade é um dos objectivos da tutela. O debate continua hoje, no auditório municipal Camacho Costa, em Odemira.


Obter financiamento em contexto de crise

No capital de risco, nunca houve tanto financiamento disponível para o chamado "early stage".

"A falta de confiança dos agentes económicos e, sobretudo, as dificuldades de acesso ao crédito estão, sem dúvida, a condicionar fortemente a actividade empreendedora em Portugal", afirma Francisco Balsemão. Para o presidente da ANJE, existem outros entraves estruturais: barreiras administrativas ao investimento, lentidão da justiça e os chamados "custos de contexto". Mas pode haver esperança. Francisco Pegado explica que, quem quiser aventurar-se num negócio seu, poderá obter financiamento na área de capital de risco e na de crédito. "No capital de risco, nunca houve tanto financiamento disponível para as áreas do pré-semente, semente e o chamado "early stage", isto é, projectos empresariais até três anos de actividade comercial." Na área do crédito, destaca linhas de crédito com risco partilhado pelo Estado, como as do IEFP e do programa FINICIA. "Sabe que no último mês só o IEFP acolheu, nas suas linhas de crédito, mais de um milhão de euros para a criação de empresas?"

Além das soluções ligadas à área pública, existem as soluções bancárias. O problema é que o grau de exigência dos financiadores se alterou, segundo Francisco Pegado. "Deixou de haver dinheiro ‘fácil’. Não há financiamento para ideias de negócio, há financiamento apenas para projectos empresariais." E acrescenta que as melhores alternativas de financiamento passam, na área do capital de risco, pelo microcapital do FINICIA (até 100 mil euros de investimento), ou pelos fundos de co-investimento de "businss angels" (até 300 mil euros). "É preciso dizer, neste segmento de projectos mais pequenos, que é possível juntar vários operadores num projecto, com vista ao aumento dos montantes investidos e à diminuição de risco", adianta. Os "business angels" podem ter interesse para quem não tenha experiência de gestão, porque, além do conhecimento na área, têm acesso a uma agenda de contactos útil para quem está a iniciar actividade.

"O verdadeiro empreendedor é aquele que não fica à espera de ser tratado de forma paternalista para empreender." É preciso mostrar aos jovens que lançar um negócio é algo que está ao seu está ao alcance, com soluções e apoios "como nunca houve na geração anterior".

A educação para o empreendedorismo é fundamental para que o tema circule. O IPJ vai lançar um concurso de criatividade e participação cívica, apadrinhado pelo Ministério da Educação, aos alunos do terceiro ciclo do básico e aos do secundário. "Este ano, vamos aumentar substancialmente o número de turmas e de professores envolvidos em formação para o empreendedorismo", acrescenta.

O IAPMEI vai passar o "Poliempreende" (concurso de planos de negócio dos institutos politécnicos) para algumas escolas profissionais. "As escolas superiores têm todas competições, muitas delas com carácter formativo na área dos projectos empresariais, e muitas fazem ciclicamente laboratórios de aprendizagem, para quem se interessa por estas temáticas."

Para Francisco Pelgado, é importante que os jovens sejam persistentes, realistas, procurem minimizar ao máximo os riscos e que tenham planos de contingência para os factores mais críticos de sucesso, como a relação com o mercado, concorrência, fornecedores, equipas e tesourarias. Na relação com os financiadores, é fundamental a credibilidade e, no caso do capital de risco, deve procurar-se indexar ganhos dos promotores aos resultados alcançados. "No caso do crédito, é mais fácil fazer os outros acreditar quando arriscamos também o que é nosso", diz.

O microcrédito é uma das alternativas possíveis para quem quer estar por conta própria e criar o seu posto de trabalho. José Centeio, secretário-geral da ANDC – Associação Nacional de Direito ao Crédito informa que não possui produtos específicos para jovens, já que o microcrédito se dirige a toda a população, desde que os candidatos não tenham acesso ao crédito bancário normal por falta de garantias reais ou devido a uma situação de desemprego.

"A associação tem feito sessões de informação em escolas, nomeadamente a alunos da via profissional e participado em iniciativas como as feiras de emprego, em várias regiões do país. Mas temos consciência de que é preciso fazer mais e ir ao encontro dos jovens. Nesse sentido, a ANDC está a pensar numa estratégia que permita uma maior divulgação junto dos jovens universitários."

Apoios públicos para jovens

Apesar de o empreendedorismo qualificado ser um veículo para a dinamização da economia, explica Francisco Madelino, é preciso haver organismos que ajudem na criação de empresas. No IEFP, o Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego (PAECPE) apoia através das linhas de crédito Microinvest e Invest . Para a sua constituição, o instituto celebrou protocolos com 10 bancos e sociedades de garantia mútua.

O PAECPE apoia a criação de empresas de pequena dimensão, através de crédito com garantia e bonificação da taxa de juro, e o próprio emprego, através das prestações de desemprego. Estas linhas também se aplicam aos jovens à procura do primeiro emprego ou a trabalhadores independentes que, no último ano da actividade, tenham tido retribuições abaixo do salário mínimo.

No Instituto Português da Juventude existem condições especiais de financiamento para jovens até aos 35 anos que queriam aceder ao programa FINICIA, do IAPMEI, através do FINICIA Jovem. Usufruem da bonificação das garantias associadas ao crédito ou de "vales" de consultoria específica. Na área do microcapital de risco, as Plataformas FINICIA, que abrangem várias instituições, asseguram a intermediação entre os promotores e os financiadores. As instituições do ensino superior público e algumas do privado fazem parte destas plataformas para aconselhar e rever os projectos empresariais antes de serem apresentados aos investidores.

"Algumas comunidades intermunicipais, com a ajuda do IAPMEI, também estão a lançar redes de apoio local, para ajudarem os jovens em todas as fases críticas do ciclo empreendedor e durante os primeiros tempos de vida das empresas", explica Francisco Pegado, quadro do IAPMEI - Instituto de Apoio a Pequenas e Médias Empresas e Inovação. Podem dirigir-se ao instituto ou à comunidade intermunicipal da área onde querem fazer o investimento.

"Na actual conjuntura de crise, o Estado deve continuar a apoiar o empreendedorismo, sobretudo em sectores de bens transaccionáveis e que permitam aumentar as exportações ou substituir as importações", diz Francisco Balsemão. Esse apoio deve traduzir-se em programas específicos de incentivo, linhas de crédito bonificado, fundos públicos de capital de risco, benefícios fiscais em sede de IRC, aplicação eficiente do QREN na actividade empresarial e no reforço dos seguros de crédito comercial.

"À rasca" para criarem o seu negócio

O mercado de trabalho tradicional pode estar à beira da auto-destruição e são os jovens desempregados que vão ter de sacudir os estilhaços. João Seabra e Marta Vaz não se arrependeram de ter deixado os seus empregos para se aventurarem na criação de empresas. O empreendedorismo pode ser a alternativa do futuro. Saiba como e porquê.
João Seabra era professor do primeiro mestrado português em animação a três dimensões, na Universidade Católica, quando decidiu criar a Jump Willy, nessa mesma área. A vertente comercial do que ensinava sempre o fascinou. Após muita insistência de Pedro Marques, compositor musical a trabalhar na Holanda, decidiu arriscar.

Durante um ano, partilharam a empresa com a vida profissional mas, em 2009, acabaram por se despedir. O empreendedorismo estava na génese e hoje a Jump Willy exporta 70% da sua produção, sendo que a parte de composição musical tem sede em Los Angeles. João Seabra é apenas um dos jovens portugueses que resolveu sair do mercado tradicional de trabalho para se lançar numa aventura com riscos, mas vitoriosa. Com a informação certa, quantos mais verão no empreendedorismo uma oportunidade?

A Youth@Work é a nova acção da Comissão Europeia de combate ao desemprego. Objectivo: informar e encorajar os jovens a criarem o seu negócio e a desenvolverem-no. De acordo com os dados mais recentes do Eurobarómetro, existem cerca de cinco milhões de desempregados entre os 15 e os 24 anos na União Europeia. Apenas 2,5% dos jovens até 25 anos que trabalham, fazem-no por conta própria e 51% dos portugueses gostaria de criar o seu emprego.

Em Portugal, Aveiro foi a cidade anfitriã da iniciativa, a 22 de Outubro. O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) é a entidade responsável pelo evento que se aliou aos "Dias Europeus do Emprego", nos quais já participaram 35 mil pessoas.

"A internacionalização é hoje imperiosa, seja em contexto empresarial ou de mercado de trabalho, e muitas das competências subjacentes a um espírito empreendedor têm de estar presentes num projecto de mobilidade, como o espírito de iniciativa, curiosidade, criatividade, auto-confiança, empenhamento e perseverança", afirmou ao Negócios Francisco Madelino, presidente do IEFP.

A campanha Youth@Work está integrada na iniciativa europeia "Juventude em Movimento", que visa melhorar os sistemas educativos europeus e incentivar a entrada dos jovens no mercado de trabalho. Propõe reformas na educação e formação nacionais, para adequá-las às necessidades dos empregadores e tornarem-se mais atractivas para os jovens; fomentar o empreendedorismo e incentivar os Estados-membros a tomarem medidas de luta contra o desemprego juvenil.

Capitalizar o investimento na educação

A Juventude em Movimento é, segundo Francisco Madelino, uma das "iniciativas emblemáticas" da ‘Estratégia Europa 2020’ para o crescimento. Objectivo: reduzir a taxa de abandono escolar de 15% para 10 % e aumentar o número de jovens com educação universitária de 3% para, no mínimo, 40% até 2020. "A melhoria das competências e qualificações dos jovens desempenhará um papel essencial na realização de outro objectivo: integrar no mundo laboral 75% da população com idades compreendidas entre os 20 e 64 anos", acrescenta. Além de constituir um investimento na economia do país, o empreendedorismo é, segundo Francisco Madelino, uma forma de aproveitar e capitalizar o investimento em educação, formação, ciência e tecnologia. "É com a qualificação e o empenho dos jovens que se alcançará a retoma necessária ao crescimento económico do nosso país."

Francisco Balsemão, presidente da ANJE – Associação nacional de Jovens Empresários, destaca que uma das suas prioridades é a de divulgar o conjunto de apoios que detêm à criação de empresas. "Temos defendido a criação de um novo enquadramento dos sistemas de incentivo para jovens empreendedores. Recomendamos a necessidade do financiamento público abarcar despesas elegíveis imputáveis, desde a formulação da ideia empresarial à sua concretização, passando pela elaboração do plano de negócios." Para o líder da ANJE, os apoios financeiros devem ser conferidos inicialmente, "para não matarem à nascença a pulsão empreendedora de muitos dos nosso jovens".

Para se ser empreendedor não basta ter boas ideias e voluntarismo em doses generosas." Francisco Balsemão aponta a determinação, espírito de sacrífico, ousadia, persistência e imaginação como as características mais importantes dos dias de hoje. Quem quiser criar e gerir uma empresa precisa de ter qualificações que lhe permita enfrentar os desafios correntes da transição de uma sociedade industrial para uma sociedade em rede e do conhecimento.

"A isto se chama ‘empreendedorismo qualificado’, na medida em que assenta não apenas nos traços de personalidade, mas também na sua estrutura intelectual ou cognitiva." E acrescenta: "em contextos de retracção do mercado de emprego, o empreendedorismo é fundamental para contrabalançar os postos de trabalho perdidos e fomentar a integração e mobilidade laborais."

Coimbra: Empreendedorismo Social para cidadãos sem abrigo

A Associação Hemisférios Solidários já levantou do chão a instalação “Faz Xeque–Mate à Pobreza”, mas já está a levantar do chão outras iniciativas. Actualmente decorre em Riga, Letónia, o Projecto Europeu de Empreendedorismo Social “Change Laboratory”, em que os Hemisférios Solidários estão a participar e são representados por duas assistentes sociais de Coimbra, Susana Pinto e Rita Coelho.

Este Projecto Europeu iniciou-se no dia 27 de outubro e decorre até 31 de outubro. Junta mais de 30 jovens e especialistas de organizações europeias da Letónia, Polónia, Estónia, Eslováquia, Lituânia, Eslovénia, República Checa, Hungria, Suécia, Grécia, Roménia, e Portugal (Hemisférios Solidários) com o objectivo de conjuntamente desenvolverem um projecto formativo sobre o empreendedorismo social. Este projecto promove a cidadania activa e a participação dos jovens através do desenvolvimento das suas capacidades e competências ao nível do empreendedorismo social nas organizações da sociedade civil.

Os Hemisférios Solidários já apresentaram os seus projectos, designadamente o seu Laboratório das Artes, a Republica Social e a nossa primeira marca de empreendedorismo com sem abrigo intitulada “Com-sigo”.

Este Projecto tem ainda como objectivo encorajar os jovens à auto-iniciativa e ao desenvolvimento de capacidades de analisar obstáculos e oportunidades dentro do sector social e identificar estratégias que potenciem a mudança no 3º Sector.

O Projecto está construído na base do modelo de aprendizagem experiencial e está focado no desenvolvimento de hábitos de pensamento independente, empreendedorismo e sentido de responsabilidade para com a comunidade em que habitam.

O modelo de aprendizagem experiencial integra casos práticos que vão ao encontro dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio enquanto enquadramento para uma mudança positiva e efectiva da nossa sociedade.

”Temos produtos de todo o país e damos preferência a produtores mais pequenos"

Normalmente só valorizamos o que temos quando o perdemos. Foi isto que aconteceu com Adriano Ribeiro, piloto de aviões que por algum tempo viveu fora do país. Nessa altura sentiu falta de alguns produtos tipicamente portugueses.
Esta necessidade e a consciência que alguns produtos tradicionais de outros países tinham um mercado atractivo deram substancia a uma ideia que já há algum tempo andava a germinar na cabeça de Adriano – Criar uma gama de produtos típicos de qualidade com uma imagem moderna e apelativa. Nasce assim a José Gourmet em meados de 2008.

O arranque desta aventura aconteceu com um produto de Azeitão porque havia um amigo produtor. A mais recente aposta desta empresa foi nas conservas portuguesas. ARTE foi o nome escolhido para a colecção de latas de conservas de formato tradicional mas com uma imagem contemporânea.
O ilustrador Gémeo Luís, que desde o início tem colaborado com Adriano Ribeiro no desenvolvimento da imagem dos produtos, desafiou 11 colegas a reinventar a imagem das latas de conserva. Ao designer residente associaram-se André Letria, Marta Madureira, Cristina Valadas, Teresa Lima, Madalena Matoso. Juntos decoram as «velhinhas» latas de conserva transformando-as em produtos do século XXI.

Mas a este projecto juntou-se também o Chef Luis Baena que preparou receitas, para adultos e crianças, que acompanham as conservas, revelando métodos de utilização das sardinhas, lulas, atum em conserva. «O Chefe Luís Baena tem conhecimentos alargados sobre este sector», comenta Pedro, filho de Adriano e que é actualmente o responsável pela empresa, uma vez que Adriano mantém a sua profissão de aviador.

Mas esta reinvenção dos produtos nacionais, não se limita aos queijos ou às conservas. Também as garrafas de azeite, vinagres e licores são empilháveis. Com o fundo oco, encaixam umas sobre as outras através dos gargalos. «Acho que é importante mostrar que com alguma inovação é possível fazer coisas diferentes como que é português», reflecte Pedro Ribeiro.

A actividade da empresa concentra-se única e exclusivamente ao desenvolvimento da embalagem e imagem dos produtos e a comercialização dos mesmos. O sucesso deste negócio está em primeiro lugar na qualidade dos produtos e na relação estabelecida com os diferentes produtores. «Temos produtos de todo o país e damos preferência a produtores mais pequenos», diz Pedro Ribeiro. «Por exemplo nos vinhos trabalhamos com produtores com baixa produção, que têm dez a 20 mil garrafas por ano. Assim temos um produto quase exclusivo», acrescenta o empresário.

Esta é uma parceira vantajosa para ambos, pois garante qualidade e exclusividade à marca, maspermite também que os produtores consigam colocar os seus produtos em novos mercados onde de outra forma não seria possível.

A estreita relação entre a JoséGourmet e os seus fornecedores/parceiros também se dá ao nível do desenvolvimento de novos produtos permitindo também aos próprios fornecedores a utilização deste know-how nas suas marcas próprias.

Os produtos JoséGourmet estão presentes em mercearias finas de todo o país, onde a qualidade e originalidade é um factor distintivo. “Preocupamo-nos em ter o melhor. Mesmo que as margens de lucro ainda sejam pequenas. Seguimos a política do fair trade [comércio justo].” Afirma Adriano Ribeiro.

O mercado preferencial é mesmo o mercado externo onde está a saudade do que é português e também o maior poder de compra. .Neste momento já estão na República Checa e no Luxemburgo. Sob a designação “Take way Portugal” são exportados queijos, azeites, vinagres, vinhos, licores, conservas, compotas e outros. “Queremos dentro da marca Take away Portugal criar take away açores, take away douro. Enfim para aplicar a marca às diferentes regiões e dentro dela incluir todos os produtos de cada região» afirma Pedro.

Três questões a Adriano Ribeiro

VE - Que projectos tem a joseGourmet para o futuro? Dentro da JoseGourmet estamos a desenvolver novos produtos e alargar a rede de vendas. Começamos a exportar este ano e já estamos presentes em 8 países. Vamos internacionalizar ainda mais. Vender até à exaustão e ter uma trading de produtos de Portugal é o nosso objetivo. Vender em hotéis de uma forma inovadora desenvolvendo conceitos de venda integrados.

Fora da JoseGourmet vamos participar em novos projetos no desenvolvimento de novos negócios na área do merchandising e design e de Portugal aproveitando as enormes oportunidades de termos um DNA próprio à 500 anos. Em breve vamos participar num novo negócio original de grande potencial. À semelhança do que fizemos com as conservas pretendemos desenvolver estratégias blue ocean para outros setores de atividade. Sabonetes, lápis, cortiça, mobiliário, joalharia são exemplos de áreas onde poderemos estar no futuro como consultores e promotores.

VE - De que forma a situação de crise profunda que vivemos actualmente no nosso pais de atinge o vosso projecto e os vossos planos para o futuro?
Mantemos a crise fora do pensamento. Estamos a triplicar vendas e com crescimento exponencial. Estamos no sítio certo à hora certa. Comprar Portugal, qualidade, produtos artesanais, comercio justo, generosidade, design, inovação, não vivermos de subsídios nem os procurar, são conceitos nossos desde sempre e agora valorizados. O mundo não vai voltar à idade da pedra. Vemos oportunidade de reinventar e criar valor em muitos negócios. É nisso que concentramos a nossa energia.

VE - Que conselhos daria aos que agora são obrigados a empreender para poder ultrapassar esta situação que vivemos?
Empreender é stressante e gratificante. Muitos empreendedores 'forçados' vão ser muito felizes no futuro. Viajar, ganhar mundo, observar, estudar, trabalhar muito, envolver novas pessoas (ganhar escala) são algumas das coisas que praticamos, recomendamos aos nossos filhos e poderíamos recomendar a todos...

Empreender à 5ª debateu o empreendedorismo na infância


“Os portugueses são criativos, têm é dificuldade em colocar essas ideias em prática”, afirmou o professor da Escola de Negócios Eudem, Joao Cesar Rocha Alves, no último Empreender à 5ª, que teve como tema “Empreendedorismo – Ensinar Empreender”. Aliás como relembra o convidado, o ecobarómetro sobre o empreendedorismo diz-nos que 62% dos portugueses teriam preferência por ter o seu próprio negócio se pudessem optar. Em 2009, esta percentagem passou para 71%. Contudo comparando estes números com a média europeia, o nosso país encontra-se abaixo.
O professor define empreendedorismo como “a capacidade que cada um tem de levar a cabo uma ideia e transformá-la em negócio”. Contudo Rocha Alves adianta que o estímulo que se dá aos alunos do ensino básico e secundário é quase ZERO. “Urge uma criação de cultura que potencie predisposição para o risco, inovação e autonomia para iniciarem os seus próprios projetos”, refere. Acrescentando que o facto de os portugueses se contentarem com pouco reprime a sua capacidade iniciativa.
O orador quebrou ainda três dos mitos mais comuns: Os empreendedores são natos, nascem para o sucesso; os empreendedores são “jogadores” que assumem riscos altíssimos e que são “lobos solitários” e não conseguem trabalhar em equipa.
“Enquanto a maioria dos empreendedores nasce com um certo nível de inteligência, empreendedores de sucesso acumulam relevantes habilidades, experiências e contatos com o passar dos anos”, adianta o docente. Além disso, evitam riscos desnecessários e são ótimos líderes.
Durante o encontro, foi dado a conhecer o caso de sucesso do jardim de infância Caminhar, uma empresa familiar que nasceu há três anos através do sonho de duas irmãs. Com formação superior em Educação de Infância, e com o apoio incondicional dos seus pais decidiram criar um projeto que respondesse aos desafios de uma sociedade moderna e cada vez mais exigente.
Preparado para receber crianças desde os quatro meses até aos seis anos de idade, o Caminhar encontra-se atualmente completo, existindo já uma lista de espera. As instalações primam pela qualidade, pela estética mas, acima de tudo, privilegiam a segurança das cerca de 80 crianças que diariamente animam o dia destas duas empresárias e da sua equipa de colaboradores.
Mas a preocupação por estarem a participar na formação da próxima geração de cidadãos e conscientes da importância do respeito pela liberdade e valores dos outros levou à criação de dois clubes que contam com membros muito ativos. O Clube da Pegada Verde, destinado às crianças mais velhas e que se dedica a trabalhar as temáticas ambientais. O Clube dos Pequenos Filósofos, aberto à participação das crianças a partir dos três anos, tem como principal preocupação levar as crianças a entenderem que tem que respeitar os outros e as diferentes opiniões.
Como referiu a educada Sara Cardoso durante o debate, a creche tenta “encontrar o melhor de casa um, vendo na criança um ser capaz, com ideias, opiniões e necessidades”. Daí que o Caminhar defenda “a aprendizagem pela ação”.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Da xícara para o salão

Vanessa Vilela transformou café em cosméticos e foi eleita uma das 10 melhores emprendedoras do mundo pela ONU

A mineira Vanessa Vilela, de Três Pontas, uniu a imagem das plantações de café no sul de Minas em sua memória ao fascínio pela cosmética para germinar a ideia de montar uma empresa original, em 2007. “Nós estamos na maior região produtora de café do mundo. Então, por que, além de tomar um cafezinho, também não usar o extrato do grão na versão creme, xampu ou sabonete?”, diz. “O café tem alta concentração de substâncias antioxidantes. Elas combatem os radicais livres, que são os causadores do envelhecimento da pele.”

Antes do primeiro lançamento, ela dedicou três anos à pesquisa e ao desenvolvimento dos cosméticos. Hoje, a linha coleciona 33 itens – que incluem spray para ambientes, xampu, gel e água com aroma da flor do café. É da fazenda de seu marido que saem as cerca de 40 toneladas de grãos usados na produção dos cosméticos.

Casada há sete anos, Vanessa adiou, pelo menos por enquanto, o projeto da maternidade para se dedicar integralmente à Kapeh (palavra que significa “café” no dialeto maia ainda falado em países como a Guatemala).

O modelo de negócios da empresa de Vanessa tem as parcerias e a terceirização de serviços e de operações como pilares estratégicos. “Montar uma estrutura física, com investimentos altos em maquinários e funcionários, naquele primeiro momento, não seria interessante”, afirma. Assim, foi possível montar a empresa com um investimento inicial de R$ 300 mil, em 2007. Os cosméticos são vendidos atualmente em lojas multimarcas, perfumarias, spas urbanos, farmácias e cafeterias. A primeira loja própria da marca deve ser inaugurada até o fim do ano.

Desde os primeiros passos, Vanessa estruturou a empresa para atender ao mercado externo. Os clientes de fora consomem 5% da produção. “A crise atrapalhou um pouco nossos planos, mas já estamos retomando a exportação”, diz. Ela aposta que, assim como nosso cafezinho conquistou o mundo, o café em forma de xampu e cremes também vai seguir o mesmo caminho. Por enquanto, Holanda, Portugal, Estados Unidos e Emirados Árabes já estão colocando o café de Três Pontas na cabeça e no corpo.

Vanessa ficou entre as dez finalistas do prêmio bianual Women in Business Awards 2010, promovido pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). A premiação aconteceu em Genebra (Suíça), em abril do ano passado. A vencedora foi Beatrice Ayuru Bvaruhanga, de Uganda, que atua na área de educação. Entre as finalistas, estavam Olga Arean, da Argentina (que trabalha com produtos e processos de preservação artística, fotográfica e documental), Joy Simakane, de Botsuana (que montou uma empresa de desembaraço aduaneiro), Maria Klein, do Chile (na área de biotecnologia), Guenet Azmach, da Etiópia (moda), Lucia Desir, da Guiana (importações e exportações), Lina Hundaileh, da Jordânia (chocolates e doces), e Lilian Okoro, da Nigéria. Em agosto, a Kapeh faturou também o Prêmio Nacional de Inovação, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Câmara de Castro Verde estabelece protocolo com Politécnico de Beja

A Câmara de Castro Verde vai celebrar um protocolo de entendimento e colaboração com o Instituto Politécnico de Beja, com vista à criação e manutenção da Rede de Fomento ao Empreendedorismo do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.
Gerar dinâmicas de promoção do empreendedorismo, contribuir para a optimização de recursos e capacidade instalada das estruturas de apoio ao empreendedorismo que fazem parte da rede ou constituir uma plataforma concelhia de trabalho e entendimento entre os membros da rede são alguns dos objectivos comuns assumidos no âmbito deste protocolo.
"O estímulo à competitividade, ao crescimento da economia e à sustentabilidade de emprego só poderão ser alcançados, a longo prazo, através do aumento da capacidade empreendedora", sublinha fonte oficial da autarquia, que acrescenta: "Para estimular essa capacidade é essencial proporcionar os apoios à constituição ou ao desenvolvimento de empresas".
Nesse sentido, a Câmara de Castro Verde propõe-se, no âmbito da parceria, a promover e divulgar acções de fomento do empreendedorismo, a organizar ou colaborar em seminários, conferências e outras actividades similares, a nível nacional, e a desenvolver outras actividades relacionadas com o seu objecto.
Já o Instituto Politécnico de Beja será responsável pela consultoria, prestação de serviços e acções de formação nas áreas-chave (marketing, plano de negócios, plano financeiro e jurídico), assim como pela promoção e divulgação de acções de fomento ao empreendedorismo.

Posso dizer "eu sou empreendedor"?

Dentro do conceito de empreendedorismo, quem pode ser considerado empreendedor?

Qual o conceito de empreendedor? É quem abre uma empresa? É que cria algo novo? O empresário?

As definições acima cabem no conceito de empreendedor, mas não constituem a sua definição, pois deixam de fora importantes personagens. As diferentes definições conceituais de Empreendedor coincidem em alguns pontos importantes. Por exemplo: a inovação. Inovar é criar novidade, renovar. Nesse sentido, cabem desde as menores e menos perceptíveis inovações até as grandes invenções que revolucionaram o mundo.

Uma vez que gênios inventores são poucos e não se confundem com o conceito de empreendedor, cabem àqueles que propõem pequenas novidades ou renovações o papel de empreendedor. No entanto, não apenas a inovação faz o Empreendedor, pois, caso o inventor guarde para si o seu invento, ele não passará de inventor.

É necessário que a inovação seja oferecida e tenha Valor. Lembrando que valor não se confunde com preço e custo. Valor é a expectativa criada quanto aos benefícios que um produto ou serviço oferece. Assim, valores sociais e pessoais são incluídos.

Dessa forma, abrimos espaço para o conceito de empreendedor social, que utiliza as ferramentas empreendedoras para tentar resolver problemas sociais.

Sem esquecer também do intraempreendedor, ou empreendedor corporativo, que desenvolve a inovação em empresas já constituídas. Nesse caso, há a necessidade da empresa oferecer esse espaço para o empreendedorismo.

Mas, se a empresa em que eu trabalho não oferece espaço ao desafio e à inovação? E se eu não quiser abrir uma empresa (pois sim, há desvantagens em ser empresário e abrir uma empresa, mas isso é assunto para outro post)? Ainda assim eu posso afirmar: "Eu sou empreendedor!"?

Sim! Pode, pois o caminho a seguir, as escolhas, as inovações e desafios a serem buscados independem do meu local de trabalho. Basta que eu deseje algo novo, com valor, que pode ser pessoal, trace os meus objetivos, planeje, aceite os riscos e, principalmente, ponha em prática.

Agir é o principal!

Por isso, quem buscar melhorar a si primeiramente, e com isso oferecer algo de valor para o mercado (por exemplo: um profissional mais qualificado, mais competente) pode-se considerar um empreendedor.

Mulheres açorianas estão mais empreendedoras

A coordenadora geral da Cooperativa CRESAÇOR afirmou que tem havido um crescimento no número de mulheres que lançam negócios por conta própria.

Num seminário sobre a presença feminina no mundo dos negócios, a coordenadora geral da Cooperativa Regional de Economia Solidária (CRESAÇOR) falou que tem havido um crescimento, “ainda que não muito elevado”, no número de mulheres que se lançam por conta própria em pequenos negócios”.

Célia Pereira salientou que os cursos, promovidos pela CRESAÇOR, de empreendedorismo mostram que o sexo feminino está a aproveitar estas novas oportunidades de negócio e cada vez mais pró-activo no sentido de aumentar as habilitações académicas e criar novas competências.

As mulheres ainda ocupam uma posição inferior aos homens no mercado de trabalho, uma vez que estes continuam a empregar cargos mais altos e mais bem renumerados, frisou a directora do Centro de Estudos Sociais da UAC.

Gilberta Rocha explicou que para que o crescimento a nível de ganhos no trabalho venha a crescer é preciso um espírito empreendedor feminino.

Fale sobre seu negócio em 60 segundos

Falar sobre seu negócio pode ser uma tarefa difícil, principalmente quando você tem um tempo limitado. Em alguns segundos, você precisa resumir o seu sonho e vendê-lo para quem estiver ouvindo, seja um possível cliente, um investidor, a sua família, um amigo ou um conhecido. Aprender a falar sobre o que você faz é essencial e um exercício constante.

Algumas pessoas, principalmente no início do negócio, não sabem ao certo o que sua empresa será ou ficam com medo de que outras pessoas copiem suas ideias e acabam não praticando esse exercício. Muitas vezes, perdem valiosas oportunidades de ouvir o que outras pessoas têm a dizer.

Desde que eu comecei a empreender, participo de eventos de empreendedorismo fazendo apresentações sobre a Zuggi. Elas variam de 60 segundos, o famoso Elevator Pitch, a 10 minutos, para as mais longas. Em nenhuma das apresentações que eu fiz até hoje me senti 100% pronta e preparada. Sempre acho que devo esperar o lançamento de um novo recurso, a resolução de um bug que ainda estava pendente, a conquista de mais usuários, a entrada em um novo mercado. No entanto, mesmo com todas essas incertezas, nunca deixei de fazer uma apresentação e cada vez mais tenho certeza de que esse é o caminho certo.

Esperar o momento perfeito faria com que eu deixasse de aprender inúmeras coisas, desde novas visões sobre o meu negócio, novos caminhos a seguir, até sobre mim mesma, como me comporto em público, que tipo de pergunta respondo com mais facilidade.

Basicamente, minhas apresentações contêm o problema, a solução, o mercado, o modelo de negócio, nosso time e, em alguns casos, a parte financeira. Busco sempre fazer uma apresentação mais emocional do que racional, para poder prender a atenção das pessoas. E procuro também me preparar para as perguntas, que geralmente representam o momento mais difícil de uma apresentação. Para essa hora, acredito que a dica mais importante é saber escutar e não tentar ter uma resposta para tudo!

Mesmo que não seja em uma apresentação formal, o exercício de falar para várias pessoas sobre minhas ideias de negócio com certeza tem ampliado meus horizontes, aberto muitas portas e me ajudado a construir minha empresa de uma forma mais sustentável.

Deixo para vocês um vídeo em inglês em que apresentei a Zuggi em 60 segundos para o programa This Week In Startups, nos Estados Unidos. Eu apareço mais ou menos 11 minutos depois do começo do vídeo. E você, já treinou apresentar o seu negócio em 60 segundos? Pratique esse exercício! Até breve.

O estudo do empreendedorismo

Pouca gente sabe, mas o empreendedorismo é um dos temas mais estudados ultimamente na academia no campo das Ciências Sociais Aplicadas. Embora não haja ainda unanimidade de que o empreendedorismo possa ser compreendido cientificamente, a quantidade de periódicos acadêmicos internacionais sobre o tema vem crescendo a cada dia. Para entender melhor esse interesse crescente, descrevo a seguir os principais campos de estudo relacionados direta ou indiretamente com empreendedorismo.

• Criação de novos negócios. Existe um certo consenso de que o começo de um novo negócio exige competências e habilidades que são diferentes da fase de crescimento de um negócio já existente. Para muitos estudiosos, o empreendedorismo só pode ser aplicado ao fenômeno do começo de um negócio, quando não existia nada antes.

• Micro e pequenas empresas. É uma das principais categorias do empreendedorismo. Reúne estudos relacionados à sobrevivência e à gestão de empresas de pequeno porte e, em vários casos, o empreendedor individual ou autônomo. Nos Estados Unidos, compreende também as empresas de porte médio.

• Empreendedorismo corporativo. Estuda o fenômeno da geração de novos negócios dentro de organizações já existentes, sobretudo as de grande porte. Abrange também estudos sobre clima interno de estímulo à atitude empreendedora de funcionários (intraempreendedorismo) e as estratégias de natureza empreendedora das organizações.

• Empreendedorismo social. São estudos relacionados com empreendedorismo no terceiro setor, explicando as diferenças entre empreendimentos com e sem fins lucrativos. Também abrange conhecimentos relacionados com o setor 2,5, ou seja, empresas com fins lucrativos.

• Empresas familiares. Considerado por muitos um campo de estudo próprio, relacionado indiretamente com empreendedorismo, procura compreender o fenômeno por trás de processos sucessórios entre gerações e a profissionalização da gestão de empresas.

• Franquias. Também considerado um campo de estudo ligado a empreendedorismo, procura entender as particularidades desse modelo de negócio na expansão de empresas já existentes, em que se replica de forma estruturada um modelo operacional bem-sucedido.

• Políticas públicas. Tema com interesse crescente na comunidade acadêmica, estuda os efeitos positivos e negativos de ações do governo sobre as empresas de micro, pequeno e médio portes. Muito baseado em estudos macroeconômicos de cada país ou localidade.

• Capital de risco. Campo de estudo com vida própria, relacionado com empreendedorismo. Concentra os interesses no funcionamento dos modelos de capitalização de empresas, incluindo o capital semente usado no início dos empreendimentos, os fundos de investimento de risco, o private equity e a oferta pública no mercado de ações.

• Empreendedorismo internacional. Especializado em estratégias adotadas por pequenas e médias empresas para a expansão internacional, abordando aspectos de diferenças culturais, regulamentação, infraestrutura, comércio exterior e modelos de negócios.

• Empreendedorismo feminino. Aborda questões de gênero e suas diferenças ao empreender, incluindo o papel da mulher na sociedade, a inserção social e as características psicológicas da mulher empreendedora.

• Empreendedorismo étnico. Estudo do fenômeno do empreendedorismo em comunidades de minorias raciais, abrangendo as relações sociais e culturais, os tipos de negócio comuns em cada grupo, os modelos de gestão para o desenvolvimento e o crescimento desse tipo de negócio.

• Ensino de empreendedorismo. Concentra-se na explicação do processo de desenvolvimento de competências e habilidades empreendedoras e as relações com o processo formal de ensino. É subdividido por fases do desenvolvimento humano.

• Empreendedorismo e idade. Estuda o surgimento do viés empreendedor em duas faixas etárias, o jovem e a terceira idade. Foca as características dos empreendimentos iniciados, o processo decisório que leva a empreender e os efeitos das particularidades típicas de cada idade no empreendedorismo.

• Empreendedorismo tecnológico. Tem interesse em novos negócios na internet, baseados em tecnologia da informação e negócios de alto impacto. Em muitos casos está inserido ou conectado com estudos sobre inovação, mas fora da área das ciências.

• Inovação. Área de estudo paralela ao empreendedorismo, porém com alta aderência com empreendedorismo tecnológico. Direcionado para o entendimento do processo de inovação em ações de pesquisa e desenvolvimento, proteção intelectual, transferência de tecnologia, incubadoras e parques tecnológicos.

Existem outras áreas de menor expressão que também reúnem grupos específicos de estudiosos e pesquisadores. A verdade é que o empreendedorismo como campo de estudo é muito amplo e aberto a uma enorme variedade de temas de interesse da comunidade acadêmica, que busca explicações para um dos mais relevantes fenômenos da economia mundial.

Doce de roupa nova

O hobby de fazer brigadeiros para os amigos se transformou em cinco lojas em apenas um ano

Recém-casada e morando havia pouco tempo em São Paulo, a mineira Taciana Kalili achou que iria agradar se preparasse os doces para os 400 convidados do marido aniversariante. Acertou. “Eles me perguntavam quem tinha feito os brigadeiros e, nos dias seguintes, começaram a ligar fazendo encomendas”, conta. Quatro meses depois, no Natal de 2009, já gerenciava 20 pessoas trabalhando em sua casa para dar conta das entregas. A sala de estar virou depósito de caixas forradas com tecidos estampados, onde os doces eram embalados. Taciana então juntou R$ 40 mil e abriu a primeira loja, em março de 2010. No fim do ano, já tinha faturado R$ 5 milhões.

Hoje Taciana tem uma fábrica e cinco lojas em shoppings de São Paulo – planeja chegar a Campinas (SP) e Rio de Janeiro. No cardápio, há 35 receitas à base de chocolate belga com ingredientes como cheesecake de goiaba, limão, macadâmia e pistache. As embalagens estampadas são sua marca registrada. Hoje a Brigaderia tem 70 funcionários para atender 22 mil clientes, incluindo empresas que encomendam os doces para seus eventos.

Faturamento de gente grande

Precoce na cozinha, incansável no dia a dia e ligada à família, Renata Vanzetto é chef de sucesso aos 23 anos

Renata Vanzetto começou a cozinhar aos 9 anos. Aos 17, deixou Ilhabela, no litoral de São Paulo, para fazer estágios em cozinhas da França e da Espanha. Quando voltou, resolveu começar a faculdade de gastronomia. “Detestei. Fiquei quatro dias na aula e voltei correndo para Ilhabela”, conta. A família a ajudou a montar um restaurante na ilha. A mãe, Silvia, entrou com um fogão e a decoração, a tia cedeu o micro-ondas e o pai, René, entrou com o ponto na marina. O cardápio tinha apenas um prato principal. “Era um negócio caseiro. De repente, o restaurante explodiu e nossa fama subiu a serra.”

Em 2008, a jovem chef foi procurada por um investidor para abrir uma unidade em São Paulo. “Ele desistiu quando tudo estava pronto. Decidimos levar o projeto adiante. Investimos R$ 600 mil”, lembra. Três anos depois, a casa tem um faturamento mensal de R$ 200 mil.

Mesmo sem ter formação na área, Renata já foi indicada em importantes guias gastronômicos do mundo. Recusou convites como um estágio na cozinha do D.O.M., de Alex Atala (porque estava envolvida na inauguração de São Paulo), e até para posar para uma revista masculina.

Em julho, fez estágio no restaurante número 1 do mundo, o dinamarquês Noma, do chef René Redzepi. “Lá, retomei a relação com a natureza e a atenção aos ingredientes. E senti o desejo de, um dia, voltar definitivamente para Ilhabela, onde cresci e fui criada”, conta. “O restaurante na ilha é o laboratório para tornar realidade meu grande projeto de trabalhar só com os produtos de lá, valorizando os ingredientes naturais e orgânicos.” O Marakuthai de Ilhabela tem 18 lugares e funciona na alta temporada, quando fatura R$ 300 mil por mês.