sexta-feira, 19 de novembro de 2010

“Há um crescente interesse por parte dos jovens em iniciarem as suas próprias empresas"



A EGP-University of Porto Business School recebe perto de dois mil empresários.


VE - A EGP – UPBS é uma escola que conta com mais de 20 anos de experiência. Pode dizer-se que foi um projecto empreendedor à data da sua constituição?
Tendo na sua génese algumas das empresas e dos empresários mais bem sucedidos de Portugal, a EGP- University of Porto Business School foi um projecto inovador. A tendência recente é para que as novas Escolas de Negócios surjam do mundo empresarial, por melhor reflectirem as necessidades e prioridades das empresas e seus quadros. A EGP-UPBS antecipou essa tendência, com o mérito de lhe adicionar o rigor e conhecimento científico da maior e mais prestigiada Universidade de Portugal, sendo um exemplo de sucesso de uma parceria entre o mundo académico e o mundo empresarial, que depende exclusivamente de receitas próprias, não recebendo um euro de fundos públicos. Podemos, sem qualquer dúvida, afirmar que a EGP-UPBS foi e é um projecto empreendedor.

VE – Como classificaria o balanço destes anos de actividade da EGP-UPBS?
Como muito positivo, não só pelo crescimento da actividade ao longo de 20 anos, mas sobretudo pelo impacto que a Escola tem tido em empresas, organizações e executivos. Actualmente, passam pela EGP-UPBS nos seus diferentes programas de formação perto de 2000 executivos, alunos de 10 nacionalidades diferentes, quadros com as mais diferentes formações. Muitos mudam de carreira, tornam-se empreendedores, transformam as empresas em que trabalham.

VE – Fala-se que Portugal tem baixos índices de empreendedorismo. Que impactos terá a crise que agora atravessamos no desenvolvimento do mesmo?
A crise terá impactos distintos. Por um lado, o aumento do desemprego, a redução da atractividade do desempenho de funções no sector público e o menor crescimento de salários no sector privado fará com que o custo de oportunidade de se iniciar um projecto próprio seja menor. Por outro, o aumento do custo de financiamento e a mais débil dinâmica da procura interna faz com que a rendibilidade dos investimentos seja menor e o risco associado maior. No entanto, noto um crescente interesse por parte dos mais jovens em iniciarem as suas próprias empresas.

VE - Que medidas poderiam ser tomadas para que se verificasse uma mudança nesta situação?
Para além da simplificação administrativa, o importante é dotar os potenciais empreendedores de competências básicas de gestão e criar instrumentos financeiros que facilitem a criação de novas empresas e que estejam adaptados aos seus diferentes estágios de desenvolvimento.

VE – Na sua opinião qual deverá ser o contributo das escolas de negócio para o desenvolvimento de uma maior atitude empreendedora, dentro e fora das empresas?
Um aspecto fundamental é dotar as estruturas superiores e intermédias das empresas de competências de gestão. Mas dentro da próprias empresas deverá existir uma cultura de inovação, de abertura à criatividade e à mudança. O empreendedorismo não terá de ser incentivado apenas no que diz respeito à criação de novas empresas, mas também ao desenvolvimento de novas iniciativas no interior da empresas já existentes, promovendo-se uma cultura de intraempreendedorismo. As escolas de negócios são elemento essencial na promoção desta cultura. Finalmente, são um veículo privilegiado de ligação entre universidade e empresas, entre quem gera novas ideias e produtos e quem os pode transformar em negócios, entre quem tem experiência empresarial e quem tem novas competências no domínio científico e tecnológico. A possibilidade de criar e fomentar toda esta rede é um elemento diferenciador de uma escola de negócios com as características da EGP-UPBS.

VE –A missão da EGP- UPBS é contribuir para melhorar a qualidade de Gestão e promover a mudança nas empresas e organizações. Em que medida uma forte cultura de gestão e uma elevada abertura a mudança podem ser determinantes para o desenvolvimento do empreendedorismo?
São fundamentais. A criação de novas empresas é, em si mesmo, um processo com elevadas taxas de insucesso. Sem princípios de gestão sólidos e sem capacidade de adaptação a um ambiente incerto e em mudança permanente, torna-se ainda mais difícil que o desenvolvimento de novas empresas seja bem sucedido.

VE – Um dos valores defendidos pela EGP-UBS é a parceria e a inovação. Como é vivido este valor no dia a dia da escola?
A inovação e a parceria são vividos no modo como ensinamos, nos programas que concebemos, mas também no modo como interagimos com todos os stakeholders da EGP-UPBS. Temos consciência que só pela inovação podemos surpreender os nossos clientes, propondo-lhes soluções de formação que têm a flexibilidade para se ajustarem às suas necessidades específicas, mas que têm também um elemento diferenciador pelo facto de cada solução concebida e executada é, em si mesmo, um processo de aprendizagem. Como temos a consciência que temos muito a ensinar, mas também algo a aprender, até porque não podemos ter competências de eleição em todas as áreas, procuramos estabelecer parcerias permanentes com quem pode complementar e reforçar os nossos atributos. É nesse sentido que temos vindo a estabelecer parcerias com outra escolas de negócios.

VE – As parcerias estabelecidas potenciam uma forte rede de Networking . Esta vantagem é entendida como valor acrescentado pelos seus clientes?
A EGP-UPBS possui uma rede de antigos alunos e de empresas associadas verdadeiramente notável, pelo que já alcançaram, pela experiência e conhecimentos acumulados, mas também pelo futuro de afirmação nacional e internacional que se perspectiva. Nesse sentido, os nossos clientes percepcionam que, através da EGP-UPBS, têm acesso a uma rede de contactos e oportunidades única, que facilitam o desenvolvimento de iniciativas e projectos próprios. Recordo, por exemplo, que temos o mais antigo programa de mentoring de qualquer escola de negócios em Portugal, que envolve muitos gestores de méritos reconhecidos.

VE – Actualmente verifica-se um forte dinamismo e concorrência no sector das escolas de negócio. Como se posiciona a EGP-UPBS?
A EGP-UPBS oferece valor e é um catalisador da mudança e da melhoria nas organizações e nos seus quadros. Queremos ser avaliados pelos impactos que causamos. Nessa perspectiva, temos o melhor rácio valor/custo. As empresas que valorizam a formação como um factor de reforço de competitividade e de criação de riqueza reconhecem a EGP-UPBS como um parceiro privilegiado. O nosso papel é garantir que a EGP-UPBS é conhecida por cada vez mais empresas e quadros qualificados, para que a concretização da nossa missão tenha uma dimensão ainda mais significativa.

VE – Nota-se que existe uma forte ligação dos alunos à Escola, e da Escola às empresas. Podemos identificar isso como uma vantagem competitiva da EGP?
Sem dúvida. Quem procura formação numa escola de negócios, procura rigor científico, conhecimento avançado, mas também uma partilha e um confronto de experiências. Todos os que frequentam a EGP-UPBS têm acesso a docentes de topo, nacionais e internacionais, académicos e executivos que trazem para sala de aula uma conhecimento adquirido na gestão quotidiana de empresas. Esta simbiose perfeita entre conhecimento científico e saber de experiência vivida é algo que nos distingue.

VE- Em tempo de crise é provável que as empresas cortem nas verbas destinadas à formação dos seus quadros. Que implicações poderá ter esta situação na estratégia de EGP-UPBS?
Em tempos de crise as empresas são mais selectivas nos investimento que efectuam. Porque oferece a melhor relação valor/custo, a EGP-UPBS poderá beneficiar dessa tendência. Para além do mais, empresas cujos responsáveis não reconhecem que a valorização do capital humano é um requisito fundamental para um processo de crescimento sustentado têm um problema grave de liderança.

VE – Face às dificuldades que se vive actualmente no mercado de trabalho em Portugal, uma possível saída para os jovens será o mercado externo. Na sua opinião que consequências terá esta situação no desenvolvimento da economia do pais?
Certamente que Portugal perderá porque esses jovens teriam o potencial para ajudar a transformar a estrutura da economia e criar valor em Portugal, até por terem um espírito de maior abertura à globalização de mercados e a novas culturas. Mas, por outro lado, ao saírem para o mercado externo é porque terão à partida melhores condições para rentabilizarem todas as suas potencialidades. Cristiano Ronaldo nunca teria sido o jogador que é se se tivesse mantido na liga portuguesa, não deixando, por isso, de ser um dos pilares da afirmação de Portugal no mundo. Teremos é de saber tirar o devido proveito do conjunto enorme de oportunidades que se podem abrir por termos quadros portugueses nos centros de decisão de empresas internacionais.

VE- Que novos projectos podemos esperar ver ainda desenvolvidos pela EGP-UPBS?
A EGP-UPBS promoverá sempre a mudança, a inovação, a criatividade, tanto ao nível da transmissão como da produção de conhecimento. Por isso, iremos criar centros de excelência nas áreas em que a Escola tem conhecimento e competências superiores, enfatizando uma estratégia de diferenciação face a outras escolas de negócios. Iremos também prosseguir a nossa estratégia de estabelecimento de parcerias com escolas de negócios internacionais, de que são exemplo dois protocolos recentes assinados com a mais antiga universidade da China e a mais prestigiada escola de negócios da Tailândia.

VE - Que conselhos daria aos empreendedores de Portugal, neste momento?
Há duas áreas que me parecem óbvias. Primeiro, que procurem sempre reforçar as suas competências, porque o conhecimento é cada vez mais perene. Segundo, que pensem sempre numa perspectiva global, porque as oportunidades no mercado externo são incomensuravelmente superiores às que se apresentam no mercado interno. Adicionalmente, terão que ter a consciência de que vivemos num contexto de elevada incerteza e de mudança permanente, o que, sendo um desafio, é também o ensejo para que os mais competentes assumam a sua posição de liderança.

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