Concorrência acirrada e produtos similares no
mercado fazem desse profissional o grande diferencial das organizações
O conceito de empreendedorismo não é apenas
relacionado a uma pessoa ou um grupo de pessoas capacitadas para montar o seu
próprio negócio. A busca pelo crescimento profissional dentro da empresa e a
vontade de ter seu trabalho valorizado desperta em muitos funcionários o lado
empreendedor. E um estudo da escola de negócios IDCE (Instituto de
Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos) com 50 executivos de Recursos
Humanos mostra que as organizações que buscam desenvolvimento e crescimento nos
negócios procuram um novo perfil de funcionário e incentivam internamente os
profissionais a empreender, com o intuito de adquirir diferenciais competitivos
no mercado.
Em um momento onde a concorrência é grande em
todos os segmentos de negócios e, principalmente, pela similaridade entre
produtos e serviços oferecidos, o empreendedorismo dentro da empresa ganha
espaço como forma de inovação que vai desde a melhoria de processos internos até
a implementação de grandes projetos. “Este é o diferencial que as empresas
buscam hoje em dia, pessoas que façam a diferença”, afirma Fabricio Barbirato,
diretor-executivo do IDCE.
O levantamento do IDCE ouviu dos responsáveis
pela contratação e gerenciamento de recursos humanos das empresas o que as
organizações valorizam hoje no profissional. “As características requeridas
ajudam no crescimento da empresa como um todo”, comenta Barbirato. Além do
conhecimento e competência técnica desejável para a vaga, o candidato deve ter
um conjunto de características que contemplem pró-atividade, comprometimento,
visão para ir além de suas obrigações e criatividade. Sendo que esta última não
é sinônimo apenas boas ideias: é preciso organizá-las e saber estruturá-las para
colocar em prática. Para Barbirato, essa é uma das soluções para um cenário
recorrente nas empresas: concorrência entre marcas.
Segundo ele, esse perfil, batizado de
funcionário empreendedor, denota o profissional que trabalha para o crescimento
da empresa como se fosse seu próprio patrimônio. “No âmbito geral, ele tem uma
percepção holística da empresa, conhece sua visão e missão, sabe seus objetivos,
seus portfólio de produtos, clientes e serviços, conhece sua atuação no mundo e
quem são seus concorrentes. Na esfera específica da atividade dele, procura
fazer tudo que a empresa determina e sempre tenta trazer algo novo, e o mais
importante, procura entender onde o trabalho dele impacta no resultado comercial
e financeiro da empresa. Tratam-se de duas esferas complementares, pois se o
profissional conhece a empresa que trabalha e seu segmento, consegue criar
soluções com mais facilidade para melhorar o seu desempenho e o da organização”,
elucida.
Barbirato lembra que a preocupação das empresas
atualmente em profissionais com versatilidade, personalidade, atitude e a
capacidade de resolver e mostrar soluções para os problemas é tão desejada
quanto as competências técnicas específicas. Apresentar essas virtudes já pode
ser considerado um grande diferencial. “As empresas se adaptam às necessidades
do mercado. Algumas exigências cobradas antigamente não valem para hoje.
Constatamos no estudo que apenas 12% das empresas entrevistadas estão
preocupadas somente com uma formação tradicional de seus funcionários. Todo o
restante não quer apenas saber se o empregado cursou ou não uma universidade
renomada, mas buscam também ver a personalidade e versatilidade dos
profissionais e, principalmente, a capacidade de entrega. Eles são, normalmente,
os responsáveis pelo crescimento da empresa”, comenta.
Mas um profissional arrojado e empreendedor
precisa ter sinal verde para iniciar projetos e propor soluções para os
problemas. Um entrave frequentemente encontrado é o fato de que as empresas,
principalmente as gigantes, possuem um modelo de processos tão enraizado que
restringe os funcionários a simples cumpridores de tarefas, sem espaço para
crescer e inovar. Normalmente, estas organizações podem perder espaço para a
concorrência. Para evitar que isso aconteça, Fabrício Barbirato afirma que a
direção da empresa deve trabalhar de forma a propiciar um ambiente favorável ao
surgimento do funcionário empreendedor:
- Mostrar os resultados da empresa de maneira
transparente, manter informações táticas ao alcance de todos, ter clareza na
descrição de cargo de cada profissional, dar liberdade para a inovação e
orientar os gestores a serem flexíveis a este tipo de profissional são algumas
das medidas que as empresas podem tomar e obter muitos resultados, uma vez que a
criação de um cenário favorável para esse perfil de funcionário pode revelar
novos talentos.
Em empresas mais flexíveis, é importante,
porém, que os gestores entendam o conceito do funcionário empreendedor para
evitar insegurança e desentendimentos. Isso porque, na opinião de 56% dos
executivos abordados no estudo, um funcionário que se destaca dos demais pela
inovação e resultados, ainda é encarado como uma ameaça ao cargo gerencial.
Barbirato esclarece que, antes de tudo, será o superior direto desse funcionário
que vai colher os frutos dos resultados obtidos pelo profissional. “Os
resultados positivos serão principalmente da equipe capitaneada pelo gestor”,
pontua Barbirato, ressaltando que o funcionário que deseja empreender dentro da
própria empresa e ser reconhecido precisa ser realista e criar ações concretas,
pois ser confundindo com um sonhador vai encurtar a sua passagem em qualquer
empresa moderna.
Algumas dicas para empreender no ambiente de
trabalho
- Conhecer a empresa, seus resultados
financeiros, seus produtos, mercado em que atua, clientes e concorrentes.
- Ter clareza na descrição de suas funções e
entregar tudo que a empresa espera. Somente depois pensar em inovar.
- Saber onde o seu trabalho pode impactar
positiva ou negativamente nos resultados comerciais e financeiros da empresa. E
fazer tudo para melhorar.
- Empreender não significa necessariamente ter
uma ideia mirabolante. Ajustes em processos, redução de custo e aumento de
produtividade são fatores que, em conjunto, melhoram a performance da
empresa.
- Se tem vontade de propor um projeto, teste-o
antes e saiba a melhor hora de apresentá-lo. Sua credibilidade aumenta com
projetos que são efetivamente implementados.