terça-feira, 6 de setembro de 2011

Inovação, empreendedorismo, competitividade, internacionalização

É necessário mais Inovação, mais Empreendedorismo, maior Competitividade e mais Internacionalização das empresas portuguesas.

Ouvimos estas afirmações todos os dias, provenientes de responsáveis políticos, académicos, empresários e sindicais, mas raramente estas declarações genéricas, bem intencionadas, vêm acompanhadas da referência aos instrumentos e processos que conduzam à sua implementação e concretização.

J. Pfeffer afirmava no capitulo "Organizações onde a Conversa substitui a Acção" do seu livro "The Knowing - Doing Gap", que neste tipo de organizações, existe a convicção de que "as pessoas acreditam que, porque disseram e está na declaração da missão, deve ser verdade e deve acontecer na organização" e "falar muito é confundido com fazer muito", reflexões que me parecem úteis para enquadrar o que ocorre neste momento no nosso país.

A utilização sequencial destas quatro variáveis, promove, de facto, um ciclo virtuoso de crescimento e de desenvolvimento, ou seja, processos de Inovação bem sucedidos, sobretudo os que incluírem uma considerável incorporação tecnológica, que sejam objecto de acções de Empreendedorismo para a sua utilização nos mercados globais, promovem um aumento da Competitivdade do tecido produtivo nacional, permitindo-lhe enfrentar com maior confiança e rentabilidade os processos de Internacionalização, acrescentando valor à economia portuguesa.

Olhemos, então, para os instrumentos que seriam necessários para tornar possível este sonho, de aproximação aos países mais ricos e mais desenvolvidos:
• Centros de Inovação e de registo de patentes nas Universidades
• Institutos de Investigação Aplicada com um focus Internacional
• Centros de pré-Incubação, incubação e desenvolvimento empresarial
• Sociedades de capital semente e de capital de risco
• Parques tecnológicos com especialização em diferentes "clusters" tecnológicos
• Redes de cooperação internacional no âmbito da inovação
• Entidades de divulgação e promoção internacional das "start-ups" inovadoras.
• Redes digitais de partilha de informação e cooperação tecnológica e empresarial.

Não é necessário determos um conhecimento aprofundado sobre a realidade nacional nestes domínios, para sabermos da enorme fragilidade deste conjunto de instrumentos, que são incipientes e em alguns casos quase inexistentes, para compreendermos a razão pela qual este circulo virtuoso de desenvolvimento tarda em iniciar-se.

Mas a existência destes instrumentos é condição necessária, mas não suficiente, para garantir a implementação e concretização do conjunto de acções que tornam este caminho uma realidade.
No âmbito da implementação e concretização é necessário que se verifique o seguinte conjunto de condições:
• Caracterização e divulgação destas entidades, assim como dos respectivos regulamentos de candidatura e utilização
• Relatórios e Contas detalhados destas unidades, com "bench-marking" internacional
• Gestão profissional e competente das várias unidades, com avaliação da performance e a construção de um sistema de prémios e classificações negativas
• Avaliação e reforço permanente das redes de cooperação tecnológica e empresarial
• Integração deste sistema de inovação e empreendedorismo nas redes e entidades nacionais e internacionais de fomento da internacionalização e globalização.

Infelizmente, a situação actual deste sistema é preocupante e constrangedora, por força da inadequação dos seus instrumentos e da sua gestão completamente ineficaz.

Não vale a pena prosseguir-se no caminho do "é necessário mais…." sem uma avaliação permanente e cuidadosa das acções concretas afectas a este sistema, por entidades independentes e com uma aproximação internacional.

Se não o fizermos, continuaremos a assistir aos passeios pelos inúmeros congressos internacionais que existem nestes domínios, dos dirigentes destas organizações que continuarão a não acrescentar qualquer valor significativo à economia portuguesa.

E. com estes maus exemplos, desmobilizaremos os pequenos e reduzidos núcleos de profissionais, que tentam resistir a este desregramento nacional e contribuir para a construção dum país, intelectualmente mais desenvolvido e mais prospero.

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