segunda-feira, 19 de setembro de 2011

“O empreendedorismo não é só para desempregados”



O IPAM – The Marketing School acaba de lançar uma nova pós-graduação em Marketing &
Empreendedorismo. O curso tem como objetivo final a planificação e implementação de um modelo de negócio,que poderá ser apresentada a um grupo de business angels – possíveis investidores –, de forma a potenciar a sua concretização.
A Vida Económica esteve à conversa com os coordenadores. Marco Lamas afirmou que “temos um Portugal com um potencial empreendedor grande. Falta-nos é promover essa cultura empreendedora”. Já Paulo Morais adiantou que “o empreendedorismo não é só para desempregados”

Empreender – Que expectativas têm em relação a esta nova pós-graduação em Marketing & Empreendedorismo?
Marco Lamas – As expectativas são elevadas, logo por causa da conjugação de duas áreas muito importantes:o marketing e o empreendedorismo. Tentamos unir estas
duas áreas de uma perspetiva nova.

E – A quem se destina este curso?
Paulo Morais – Temos três públicos que queremos atingir: aquele empresário, que não tem valências de gestão do próprio negocio, as pessoas mais novas que querem desenvolver o seu próprio negócio e o próprio funcionário que quer mostrar projetos diferentes ou a própria empresa que sabe que tem competências para desenvolver algum projeto mas em vez de estar a recorrer ao outsourcing ou a empresas parceiras, tem aqui uma equipa a trabalhar connosco. Estamos a vender não só formação como também consultoria e profissionais aptos para acompanhar todo o processo.

ML – Muito vezes confundimos empreendedorismo com criação de empresas, para nós é muito mais do que isso. Muito empreendedorismo por conta de outrem.
Precisamos hoje em Portugal de empresas e organizações empreendedoras. Por isso, este públicoalvo de quem já trabalha numa empresa.

E – Uma das características que diferencia esta formação é que as pessoas têm a possibilidade de criar uma empresa?
ML – É uma pós graduação que tem várias disciplinas ao longo do ano letivo, e todas elas vão dar o seu contributo para a criação de um projeto.
PM – O próprio corpo docente está preparado e sabe que a qualquer momento pode ter de recorrer com detalhe ao plano de negócio. Nós detetamos uma lacuna no mercado, que é a formação, que tem várias disciplinas isoladas, são feitos diversos trabalhos que vão para o arquivo ou mesmo para o lixo. Quisemos construir um projeto do principio ao fim que na pior das hipóteses olhamos para esse projeto e percebemos que não é viável.

E – Consideram que os portugueses são empreendedores?
ML – Temos um Portugal com um potencial empreendedor grande. Falta-nos é promover essa cultura empreendedora. Levar as pessoas a perceber que podem fazer mais, melhor e criar valor. Voltando aos projetos, há a possibilidade para quem quiser de apresentar esses projetos a eventuais investidores e parceiros, como os business angels.

E – Os apoios existentes ao nível do financiamento são suficientes, atualmente?
ML – Temos alguns sistemas de incentivos importantes que devem ser aproveitados. Mas creio que continuamos a ter sistemas muito burocráticos. Temos também um sistema de incentivo muito virado para o reembolso.
PM – Esta pós-graduação tem um objetivo muito prático de as pessoas poderem começar a implementar e a fazer. Há pessoas que têm muitas ideias em bruto na cabeça e tentamos que a pessoa organize as ideias e desenvolva o projeto. Temos uma componente teórica que assiste toda esta componente prática. Mas as pessoas na vida real podem já estar a desenvolver o projeto que estamos a fazer aqui dentro. O nosso objetivo é passar à prática e interessa-nos é fomentar a informação para ser implementada.

E – Esta sinergia ente o marketing e o empreendedorismo é também uma mais-valia?
ML – Um projeto empreendedor em todas as suas fases tem de ter marketing.

PM – Na perspetiva do marketing, hoje em dia ser empreendedor é decisivo. Temos de deixar de estar na zona de conforto, temos que tentar criar novas oportunidades de negócio. Um dos principais handicaps é a componente analítica e financeira. São poucos os marketeers que conseguem ser objetivos neste ponto, por isso este namoro não é por acaso. Quando vamos apresentar um projeto a alguém temos de saber explicar o retorno sobre o investimento. E é muito raro, isso existir nos planos de marketing.

E – Consideram que os atuais empresários já dão a importância suficiente à formação?
ML – Ainda há um longo caminho a percorrer e mais uma vez tem haver com cultura.
PM – Os novos profissionais que estão a entrar no mercado e os profissionais que têm desafios nas mãos estão completamente desorganizados em relação à informação. É inevitável este caminho.

E – Como veem a criação de uma pasta dedicada ao empreendedorismo pelo governo?
ML – Vejo como uma excelente medida, agora vamos ver como ela se materializa. Quem temos à frente dessa pasta é um empreendedor. Devemos ter medidas que apoiem muito mais as microempresas para ajudá-las no desenvolvimento.

E – Quais consideram ser áreas-chave para investir?
PM – A saúde é um setor que tem muitas dificuldades de entrada mas que tem muito para
explorar e precisa muito de empreendedorismo.É um setor que no âmbito geral é conservador e está estagnado.
ML – As energias renováveis e a tecnologia.
PM – Mas também o bem-estar até porque cada vez as pessoas têm mais cuidado com o
corpo. Sobretudo hoje em dia não podemos fazer o mesmo que os outros fazem. Temos setores tradicionais onde é possível melhorar, criar valor.

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