A atriz Kate Winslet, protagonista da minissérie Mildred Pierce
No final de setembro, a atriz inglesa Kate Winslet ganhou o Emmy (premiação de maior prestígio da TV norte-americana) de melhor atriz pela atuação em “Mildred Pierce”.
Na minissérie, exibida pela HBO Brasil em abril, ela encarna uma dona de casa dos anos 1930 que precisa arranjar um ganha-pão para sustentar as duas filhas após se divorciar do marido.
Trabalhando como garçonete, tem uma ideia de negócio e resolve abrir um restaurante. Ela acerta a mão, começa a ganhar muito dinheiro e o estrondoso sucesso a motiva a abrir mais unidades.
Quando tudo parece ir bem, porém, ela comete dois erros fatais que podem por fim a sua trajetória como empresária. Confira cinco lições que a minissérie traz para os empreendedores da vida real. Para quem ainda não viu a série, o texto abaixo contém “spoilers”.
1) Lixo revela o que o público quer
Recolhendo os pratos dos clientes, Mildred percebe que eles sempre deixam muitas sobras de tortas e de frango e se pergunta por que ambos vão para o lixo.
Primeira resposta: a torta é ruim. Cozinheira de mão cheia, a personagem negocia com o dono para fazer e vender tortas ao restaurante, e em pouco tempo vira fornecedora de todos ao redor.
Segunda resposta: o frango também é ruim, mas os clientes pedem porque é mais barato. É aí que ela vê uma oportunidade mais ambiciosa de negócio: um restaurante que venda apenas dois pratos com frango.
O menu enxuto simplifica a cadeia de fornecedores, dá agilidade à cozinha e reduz os custos – ela não vai precisar, por exemplo, imprimir cardápios nem comprar alimentos em excesso porque a demanda é certeira. Assim, os pratos ficam mais baratos ainda, adequados ao momento de grave recessão.
2) Aproveite a experiência de quem põe a mão na massa
Mildred se empolga com a ideia, mas sabe que, para ter um restaurante, não basta saber cozinhar. Por isso, aproveita a experiência para aprender todos os detalhes do dia a dia e da gestão do negócio.
Além de se aproximar do chef e da comandante da cozinha, ela também fica de olho no movimento dos restaurantes da região e anota tudo em sua caderneta.
3) Ameaças podem virar oportunidades
De 1920 a 1933, a Lei Seca proibia, nos EUA, a venda de bebidas alcoólicas. Quando o Congresso anuncia o fim dessa regra, Mildred acha que a liberação será uma ameaça a seu restaurante, pois os bares, legalizados, serão uma forte concorrência.
Sua melhor amiga, porém, pensa o contrário: se o restaurante tiver um bom bar e oferecer coquetéis, não perderá público. Ela convence Mildred a investir na estrutura para um bar no restaurante e se especializa em fazer coquetéis.
A estratégia dá certo, e o restaurante passa a lucrar também com uma demanda que antes era reprimida devido à lei.
4) Novos terrenos pedem preparação
O sucesso de suas duas unidades faz a empreendedora abrir uma terceira unidade, na praia. Sua sócia propõe aproveitar o clima e variar o cardápio, passando a oferecer carne, peixe e frutos do mar.
Só que nenhuma das duas tem muita experiência com esse tipo de prato. E, de quebra, um bom restaurante abre na mesma região. O resultado, como se pode prever, não é nada bom (não vamos entregar a trama da série!).
5) Dinheiro da empresa fica na empresa
Apesar do percalço do terceiro restaurante, o modelo de negócio dá certo e a empresa começa a faturar muito. É hora de colher os frutos – Mildred enriquece e quer usufruir de tudo o que conquistou.
Só comete um erro fatal: passa a tirar dinheiro da empresa para custear uma vida de alto padrão para ela e para sua filha.
Sócios e investidores percebem o rombo, e a empreendedora se vê em problemas para convencer seus credores de que sua empresa tem capacidade de pagamento. Será o fim da linha para a empreendedora?
Quem quiser saber o final da história também pode ler o livro “A História de Mildred Pierce” (James M. Cain, Companhia das Letras). A mesma personagem é retratada no filme “Almas em Suplício” (1945), em que Joan Crawford interpreta Mildred Pierce no papel que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz naquele ano.
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