sábado, 29 de outubro de 2011

Para Empreender é preciso paixão

Mauro Votre, 30, se formou em turismo e hotelaria e sempre soube que trabalharia na área. Aos 23, depois de se formar e trabalhar em grandes hotéis no Brasil e em Londres, onde morou por quatro anos, descobriu que faria isso a partir de um negócio próprio. “Sentia falta do lado mais itinerante do turismo. Mas pensava que deixaria os hotéis para trabalhar em uma agência de turismo ou outra coisa do gênero”, diz. Foi quase isso. Enquanto morava na Inglaterra, juntou o dinheiro que pode antes de voltar ao Brasil, em 2002, para abrir, junto com o irmão Maurício, a agência de ecoturismo DNAventura, uma das participantes do Extreme Makeover 2011. A seguir, ele fala sobre os desafios de empreender:

Por que você decidiu abrir o seu próprio negócio?
Me formei em turismo e hotelaria e fui trabalhar em hotéis durante quatro anos. Mas percebi que não era o que queria fazer. Sempre gostei de viajar e me interessava mais pelo planejamento das viagens. Eu morava na Inglaterra e comecei a ter contato com pessoas que trabalhavam com ecoturismo, algo que eu já fazia e gostava – sempre fiz escaladas e trilhas. Foi quando decidi ficar na Europa mais um tempo para juntar um pouco de dinheiro antes de voltar ao Brasil e abrir a minha própria empresa. E de lá mesmo, por internet, eu e meu irmão começamos a conversar e a planejar.

Você recebeu apoio da família?
Muito. Minha família tem a mente aberta. Meus pais são professores, minha irmã é psicóloga. O brasileiro é muito conservador, tem medo de deixar a estabilidade para empreender, mas meus pais não pensam assim. E o fato de eu ter morado fora me incentivou muito também. Lá eles têm valores muito diferentes… aqui no Brasil eu vejo muita gente com potencial que não investe por medo.

Como você lida com a instabilidade de não ter carteira assinada nem salário fixo?
Na verdade, eu tenho carteira assinada! Além da DNA, dou aulas de inglês em uma escola. Gosto muito de dar aulas e sempre dei. Mas, para mim, é também uma forma que encontrei para lidar com a instabilidade. Tenho a segurança de um salário fixo no final do mês. Quem não tem isso, imagino, deve viver numa corda-bamba. Não é fácil.

Quais as principais vantagens de ser dono do próprio negócio?
Você tem total liberdade para criar. E isso, pra mim, é inigualável. Posso inventar novos roteiros, para onde quiser e da forma que desejar. Além disso, tem a flexibilidade de horário: é você quem decide em quais momentos irá se dedicar a cada uma das coisas. Mas a jornada acaba sendo bem maior, é errada a ideia de que você vai trabalhar menos quando abrir o próprio negócio. Além disso, a divisão de lucros é muito mais justa quando você é o dono ou o sócio. Como funcionário, você trabalha para aumentar o lucro dos outros.

E quais os principais desafios?
Lidar com os riscos. Ainda mais em turismo, que é um setor que sofre com a sazonalidade e depende de fatores como o tempo. Há semanas em que nossa agenda fica cheia de passeios e semanas em que não temos nada marcado. E outra coisa que me espantou foram os impostos! É um custo muito alto, a gente não tinha nem ideia. Se quando você recebe um salário fixo já se espanta com a quantidade de descontos, quando tem um negócio é pior ainda.

O que te motiva a empreender?
A principal motivação, para mim, está no fato de poder trilhar meus próprios caminhos. Se eu quiser criar um roteiro para Paraty, eu crio. Se eu quiser inventar uma trilha em que as pessoas farão uma escalada, depois um mergulho seguido de um salto de asa-delta, eu invento! Mas também tive que aprender a lidar com isso: não é para mim que crio os roteiros. Quando começamos, pensávamos em roteiros voltados a pessoas com um perfil parecido com o nosso, mais aventureiro. Mas percebemos que há pessoas e gostos diferentes. Hoje já fazemos passeios voltados a famílias e temos roteiros para a terceira idade.

Que dicas você daria para quem está começando ou deseja empreender?
Conhecer muito a área em que deseja atuar. Estude, entre em contato com empresas e pessoas que já façam aquilo. Porque, muitas vezes, é muito diferente do que imaginamos. O dia a dia mostra que, na prática, as coisas não são bem como sonhamos. E quanto maior o conhecimento sobre isso, maiores as chances de dar certo. Mas o mais importante mesmo é ter certeza de que você está entrando em uma área que goste – por mais receio que você possa ter, por mais que em alguma outra área você até saiba que poderia ganhar mais dinheiro. Fazer o que a gente gosta é extremamente gratificante! Isso já é dar certo.



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