Novo capítulo. Em janeiro de 1994, marido, filha e eu chegamos aos Estados Unidos. Já havíamos alugado uma casa enquanto estávamos no Brasil. Mas não tínhamos emprego nem falávamos inglês. Tudo o que levamos foram duas malas. Foi fácil? Nem pensar. Chorei muito, mas muito mesmo. Arrependi-me e me questionei profundamente. Estava me sentindo ingênua, tonta e meio irresponsável – com uma filha para criar, e se aventurando assim?
Como não dava nem para procurar emprego sem falar inglês, minha cunhada, que já morava nos EUA e tinha uma empresa de tradução de português, me deixou cuidar das contas a receber e da contabilidade. Números são iguais em qualquer idioma, e a primeira constatação foi que os números não eram bons. Para que eu pudesse ter um salário, a única saída seria fazer o negócio melhorar. Enquanto isso não acontecia, arrumei um trabalho de meio-período de babysitter, das 5h30 às 8h30 da manhã. Meu marido também começou a fazer bicos, como entregar jornais de madrugada.
A tradução de português para outras agências começou a melhorar depois que mudamos nosso modelo de negócio. Fizemos muito marketing e reestruturamos a empresa. Estudei inglês todos os dias por mais de oito anos, e continuo não dominando a língua como gostaria. Descobri que, apesar de adorar falar, idioma não é o meu forte. Veio a internet, a globalização e a oportunidade de ampliar os negócios – ser uma agência de tradução e oferecer todos os idiomas e serviços relacionados.
Naquela época, estava me formando em Negócios Internacionais e Gestão em uma universidade local, e um dos meus trabalhos foi o nosso novo business plan. Eu e minha cunhada nos tornamos sócias em 2000, e a parceria continuou até 2006, quando comprei a parte dela e ela continuou com a tradução de português. Desde então, a empresa cresceu aproximadamente 160%. Ainda está longe de atingir os meus objetivos, que mudam constantemente. Ou melhor, aumentam constantemente, a cada evento de networking em que conheço novos empreendedores e me inspiro.
Hoje, oferecemos serviços de tradução e interpretação e consultoria cultural em aproximadamente 150 idiomas. Atendemos os setores privado e governamental, nas áreas de saúde, treinamento global e comunicação multicultural. Tenho planos de crescimento bastante ambiciosos e, para atingi-los preciso me reinventar constantemente. O desafio é diário. Mas a vontade de vencer, também.
Elisabete Miranda é administradora de empresas e dona da Translation Plus, empresa de tradução, interpretação e consultoria cultural localizada em New Jersey. Mora nos Estados Unidos há 16 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário