sábado, 8 de outubro de 2011

Saiba como ter espírito empreendedor e transformar seu sonho em realidade

Competência? Paixão? Criatividade? Sorte?

"Por que eu não pensei nisso antes?". É bem provável que você já tenha repetido essa frase algumas vezes ao deparar-se com invenções bem criativas e interessantes, várias delas tão simples que até nos deixam com raiva por não termos bolado primeiro. Imagine o dinheiro que você poderia ter ganhado se tivesse inventado o simples e revolucionário canudo ou, quem sabe, o clipe para papel e, até mesmo, o macarrão de piscina? Quando falamos de empreender, muitas coisas são levadas em consideração, como a busca por informações sobre o negócio e a avaliação de sua serventia. Mas, com certeza, uma pitada de criatividade pode ajudar bastante.

A jovem Natália Monteiro foi uma dessas pessoas que teve uma ideia interessante e bastante útil. Antenada em internet, ela construiu o Zuggi, primeiro buscador brasileiro voltado para crianças. O seu diferencial está na barra de conteúdos impróprios para o público infantil por meio de um filtro de sites e palavras. "Minha ideia sempre foi fazer algo para crianças, mas, inicialmente não sabia exatamente o quê. Quando começamos a fazer pesquisas de mercado, resolvemos focar no mundo digital, pois percebemos a enorme diferença que existia entre o mercado brasileiro e o de outros países. Decidimos iniciar com um buscador, pois acredito que, em um mundo cheio de informações, precisamos dar direcionamento para as crianças em um ambiente seguro e divertido", explica.

A iniciativa de Natália, inclusive, foi uma das quatro empresas brasileiras escolhidas pelo StartUp Chile 2011, um programa de incentivo ao desenvolvimento tecnológico que tem por objetivo atrair projetos pioneiros para aquele país. "A experiência está sendo incrível, estou aprendendo muito, recebendo feedbacks sobre meu projeto de participantes de todas as partes do mundo, com visões e experências diferenciadas. Estamos dando continuidade ao desenvolvimento da nossa ferramenta e também iniciando a internacionalização do Zuggi", conta Natália, que já embarcou para a cidade de Santiago. Todos os selecionados receberão um investimento financeiro de 40 mil dólares para desenvolver seus negócios no Chile por seis meses.

Outro empresário que, por meio de um trabalho proativo e visionário, conseguiu um rápido crescimento em seu negócio, foi Jean Graciola. Junto com seu pai, Francisco Graciola, ele gerencia a Construtora FG Empreendimentos, que atua no mercado imobiliário de luxo em Balneário Camboriú-SC e que, em apenas sete anos, cresceu mais de 3.000%. A dupla administra também uma holding com cerca de 10 empresas na localidade, que abrange os setores de hotelaria, indústria alimentícia, construção e serviços.

Para Jean, um das razões da vitória desse modelo de gestão é a postura de enfrentar os obstáculos de frente e a preocupação em motivar os próprios funcionários. "Sem dúvida, são as pessoas que fazem o negócio. Por entender isso, oferecemos uma série de benefícios, como distribuição de lucros focados em metas, cursos e programas de capacitação e aprendizado. Teve auxiliar de limpeza que chegou ao cargo de gerência em nossos empreendimentos", conta Jean.

Planejar é potencializar

Identificar se uma oportunidade realmente é boa não é tarefa das mais fáceis. Existem diversos fatores envolvidos como conhecimento sobre o assunto, seu mercado, os diferenciais competitivos e a equipe certa para atuar. Afinal, a informação é a alma do negócio e ter um planejamento prévio e contínuo pode auxiliar bastante.

"Se a complexidade do negócio e o volume de investimentos são baixos, planejar numa folha de papel, arregaçar as mangas e trabalhar é o que vale. Caso o negócio tenha alta complexidade e demande investimento elevado, então, o melhor é um plano do negócio bem detalhado e estruturado", ensina o empresário Pedro Mello, autor do livro "Guia de Sobrevivência do Empreendedor" e escolhido, em 2001, pelo Fórum Econômico Mundial como um dos Global Leaders for Tomorrow, fórum constituído por 100 empreendedores para discutir sobre esse tema no mundo.

Pedro revela que a informação é a matéria-prima de qualquer projeto. Ela pode ser obtida por meio de competidores, associações e, principalmente, perguntando para amigos, professores ou profissionais do setor que você pretende atuar. "As pessoas não têm a menor ideia do quanto deixam de obter informação grátis apenas por terem vergonha de pedir", conta.

Uma pesquisa realizada pela Havard Bussiness School reforça a ideia e a importância do planejamento. O estudo concluiu que a elaboração de um plano de negócios aumenta em 60% a probabilidade de sucesso ao empreender. Mas, lógico, só isso não basta. Afinal, o plano de negócios faz parte do primeiro passo: descobrir se vale a pena abrir, manter ou ampliar uma empresa.

"Parafraseando Thomas Edison, empreender é 10% inspiração e 90% transpiração. É não ficar esperando os outros fazerem, é ir lá e realizar", afirma Maria Juliana Giraldo, gerente de cultura empreendedora da Endeavor, organização internacional sem fins lucrativos que apoia empreendedores de alto impacto. Para Maria, o dinheiro não pode ser a maior motivação. "No começo, com certeza o empreendedor vai ganhar menos e trabalhar bastante, às vezes, bem mais do que se fosse um empregado em uma empresa. Dependendo do negócio, ele vai ter de batalhar muitos anos até começar a dar certo. A motivação deve ser sempre, portanto, a paixão por seu negócio, a vontade de mudar alguma coisa e crescer. O dinheiro é consequência", afirma.

Além disso, o comportamento ao empreender requer uma determinada postura mental. "O empreendedor é aquela pessoa que pergunta mais do que responde. Ele sempre se questiona em suas experiências cotidianas – e não apenas em seu negócio – sobre o que poderia ser melhorado, aproveitado e transformado", afirma Leandro Vieira, pesquisador na área e idealizador do Portal Administradores.

Combustível verde

Um empresário que arregaçou as mangas e acreditou no planejamento foi o administrador Alessandro Araújo Gomes. Antes mesmo de entrar na faculdade, ele alimentava o sonho de se envolver em um projeto sustentável. "A ideia de montar um negócio surgiu há muito tempo, numa aula de ecologia, em 1989. Depois de formado em Administração, com bastante vontade, comecei a procurar algo que juntasse preservação ambiental e geração de energia, e acabei encontrando o programa nacional do biodiesel, em 2006", conta.

Em 2008, Alessandro escreveu um plano de negócios e buscou financiamento junto a amigos e parentes para montar uma usina de produção de biodiesel. Com o projeto em mãos, a Prefeitura Municipal de Cruzeiro, em São Paulo, cedeu uma área no Distrito Industrial I, dando, assim, início às atividades. Lá é reciclado o óleo de fritura usado em restaurantes, cozinhas industriais, lanchonetes e condomínios para fabricação do combustível, bem como o óleo para indústrias de sabão, ração e resinas.

Com uma produção mensal de 10 mil litros, o empresário sabe que ainda há um grande caminho a percorrer. "Para os próximos anos, esperamos um crescimento significativo na coleta de óleo de fritura usado e gorduras residuais em função do aumento da consciência da população. Estamos ajudando a plantar um futuro melhor. Sabemos que o trabalho é difícil e demorado, mas os frutos serão bons para todos", salienta.

Aprendendo desde cedo

Se alguns, assim como Alessandro, já pensam em um amanhã mais sustentável, tem muita gente também pensando na formação dos futuros empreendedores brasileiros. Na Paraíba, o colégio QI – Questão de Inteligência, teve uma iniciativa pioneira no estado há cinco anos e que vem dando muito certo com seus alunos. Foram inseridas aulas sobre empreendedorismo na grade curricular da escola, desde o 1° ano do Ensino Fundamental até a última série antes do vestibular.

"Na primeira parte, especificamente com as crianças mais novas, nós trabalhamos a importância da construção dos sonhos, brincando com assuntos relacionados à economia e ao planejamento, pois é uma forma lúdica de mostrar conceitos sobre empreendedorismo", conta Paulo Tarso, diretor do colégio. Posteriormente, continua o professor, "do 6° ao 9° ano do Fundamental, explicamos sobre algumas das características do empreendedor. E, no Ensino Médio, o foco é o empreendedorismo nas empresas, abordando temas como marketing e plano de negócios".

Além das aulas, o colégio organiza anualmente a feira Jovens Empreendedores. Nela, os alunos se dividem em equipes, montam um plano de negócios, correm atrás de patrocínios e apresentam seus trabalhos – tudo com a orientação dos professores. "Esse é um evento que estimula o espírito empreendedor no aluno, agrega toda família e demais interessados. Cerca de seis a oito mil pessoas passam todos os anos para prestigiar e conhecer a feira", comemora Paulo.

A aula de empreendedorismo também foi adotada em todas as escolas públicas da rede municipal na cidade de Pomerode, em Santa Catarina. A iniciativa está em seu segundo ano consecutivo e é aplicada nas turmas da 8ª série do Ensino Fundamental. Dóris Mathias, diretora da Escola Professor Vidal Ferreira, localizada no município, conta que os alunos fazem leitura e pesquisa sobre empreendedorismo, têm contato com empresários locais e também aprendem, na prática, como tudo funciona. "Além de todos os conceitos passados, os alunos montam seus próprios negócios e até ganham dinheiro com isso. Aqui, nós temos uma empresa que trabalha com hortaliça, outra com porta-caneta utilizando sucata e até com apliques em roupa", orgulha-se a diretora.

Para Dóris, o importante ali não é criar empresários, mas pessoas que corram atrás de seus objetivos e de seus sonhos. "Tudo tem a ver com disciplina, organização, responsabilidade e vontade de alcançar metas. É, sem dúvida, uma experiência que vai acrescentar muito na vida desses alunos", finaliza a diretora.

Seja estimulando crianças ou até mesmo "fazendo acontencer" na vida adulta, esse tal de empreendedorismo se mostra como uma importante engrenagem para o desenvolvimento, tornando mais pessoas capazes e determinadas em buscar seus objetivos. E, se depois de ler essa matéria, você ainda não sabe dizer se o empreededorismo é competência, paixão, criatividade ou sorte, tente misturar uma boa medida de todos esses ingredientes. O resultado pode transformar a vida de muitas pessoas – principalmente a sua!

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